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Social pick up point: uma nova modalidade de entrega do e-commerce

Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas de delivery de e-commerce é o retorno por problemas na entrega, como falta de pessoas disponíveis para recebimento da encomenda. Isto encarece a operação de transporte para as empresas, uma vez que esta precisa fazer a mesma viagem novamente para realizar, ao menos, mais uma tentativa de entrega do pedido. Ao mesmo tempo, diversos clientes deixam de fazer compras online justamente por não poderem estar em casa durante o horário comercial de entrega e não terem outro endereço como opção de recebimento.

Por conta destes problemas, alguns varejistas estão lançando mão de novas alternativas de entrega, como a opção de coleta dos pedidos em lojas físicas da própria empresa (click&collect), coleta de pedidos em lojas de conveniência ou outros estabelecimentos parceiros da empresa (pick up point) ou coleta dos pedidos em lockers espalhados pela cidade (alternativa já comentada neste blog anteriormente). Com estas iniciativas, além da chance de insucesso nas entregas ser menor, a empresa consegue reduzir custos de transporte por consolidar muitos pedidos em um único ponto de entrega e o cliente ganha novas alternativas de endereço de entrega, melhorando a sua sensação de nível de serviço.

Na Holanda, a startup Homerr foi além e lançou em 2016 um serviço que pode ser definido como um social pick up point.  Neste serviço, pessoas que costumam ficar em casa durante o horário comercial (como donas de casa, aposentados e profissionais autônomos) e possuem um espaço razoável para armazenagem de produtos podem se candidatar a ser um ponto de entrega de pedidos para os seus vizinhos que não tem esta disponibilidade de tempo para esperarem as suas encomendas serem entregues.  Os inscritos no programa (também conhecidos como Homerrs) informam através do aplicativo do serviço qual é a sua disponibilidade de tempo para recebimento dos pacotes e para entrega dos pedidos para os vizinhos. Em casos de viagem ou outros motivos que impeçam o Homerr de estar em casa na janela de tempo informada anteriormente, basta ele avisar com antecedência que, assim, a entrega de pacotes não ocorrerá durante aquele período. Também é através do aplicativo que o cliente escolhe qual local ele quer usar como ponto de entrega e no qual ele pode rastrear o pedido e receber notificações quando o pedido chegar.

Figura 1 – Aplicativo da Homerr

Fonte: Homerr

 

A entrega pode ocorrer com o cliente indo até a casa do vizinho inscrito no serviço para buscar o pacote ou com o próprio Homerr indo até a casa do cliente fazer a entrega (para esta última opção, o cliente final deve pagar uma taxa um pouco maior ao Homerr, que geralmente recebe por pacotes recebidos). O Homerr também pode ser usado para devolução de pedidos pelo cliente.

Além de pessoas físicas (pontos de coleta chamados de Neighbourhood Points), estabelecimento locais do bairro, como mercearias, salões de beleza, farmácias e sorveterias, que em geral possuem horários de funcionamento estendidos, também podem se inscrever para serem pick up points (são conhecidos como Service Points). Hoje o serviço já conta com mais de 3.500 pontos de entrega na Holanda e coopera com os maiores operadores logísticos do país, como PostNL, UPS, DHL, DPD e FedEx.

Uma outra startup similar, chamada ViaTim, também foi criada e opera na Holanda. A principal diferença entre elas, além das regiões de atuação (enquanto a Homerr está mais direcionada a atender Amsterdam, a ViaTim tem seu foco maior em Rotterdam), está no sistema de determinação do pick up point. O ponto de entrega Homerr pode mudar toda vez o cliente utilizar o serviço, pois depende da disponibilidade dos vizinhos. Já o ponto ViaTim é um ponto estrutural perto da casa do cliente e está basicamente sempre disponível e acessível. Além disso, o serviço da ViaTim não se limita a entrega de pacotes, também oferecendo outros serviços, como lavanderia e passadoria.

Figura 2 – Startups de social pick up point da Holanda

Fonte: Adaptado de Silicon Canals

 

Além da diminuição dos problemas de insucesso da entrega, estas startups listam como vantagens a redução de CO2 emitido na atmosfera, por conta da concentração de pedidos em menos endereços e consequente redução de viagem dos veículos, o aumento do relacionamento entre vizinhos, promovendo um melhor ambiente para a vida em sociedade, e a oportunidades do aumento de venda para os comércios que se inscrevem como ponto de retirada de produtos.

No Brasil também há os mesmos problemas de insucesso da entrega por conta de falta de pessoas disponíveis no horário comercial para recebimento das encomendas, o que seria um motivo para um serviço similar surgir por aqui. Contudo, para trazer esta iniciativa da Europa para o nosso país, precisaria ser superada uma barreira relacionada a questão da insegurança, principalmente na modalidade de entrega na casa de pessoas físicas. Com os problemas de violência existentes no Brasil, é de se esperar que muitas pessoas se sintam inseguras em receber pessoas desconhecidas em sua casa, ainda mais sendo pública a informação de que esta pessoa está armazenando muitos pacotes em sua casa, que podem conter itens de alto valor agregado. Contudo, em caso de garantia da segurança do serviço (através de um cadastro rigoroso da empresa, por exemplo), esta poderia ser uma alternativa valiosa para lidar com problemas de entrega em áreas de risco, como favelas e comunidades. Muitas empresas não entregam em determinados locais da cidade por conta da elevada taxa de roubo de veículos na região. Caso houvesse um vizinho que tivesse bom relacionamento com as pessoas do local e que fosse o responsável por receber todas as entregas da área, a taxa de roubos e de insucessos de entrega poderia reduzir bastante e a empresa aumentar a sua abrangência de atuação online.

E você? Acha que este serviço faria sucesso no Brasil?

 

Referências

<https://homerr.com/>

<https://siliconcanals.com/news/startups/last-mile-startup-homerr-receives-e1m-growth-capital/>

<https://siliconcanals.com/news/startups/similar-startups-wuunder-viatim-homerr-compared/>

<https://ecommercenews.com.br/artigos/tendencias-artigos/pudo-o-futuro-do-last-mile/>

<https://www.b2ceurope.eu/social-delivery-solution-complex-last-mile/>

<https://www.viatim.nl/>

Mais de 11 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Em consultoria, realizou projetos como Plano Transformacional de Logística, Diagnóstico das operações logísticas, Estratégia e Calendarização da Operação de Transporte, Mensuração do Custo de Servir, Estudo de Mercado, Mapeamento de Oportunidades de Redução de Inventário, Revisão do Processo de S&OP, Plano de Capacitação e Implementação de Processos Comerciais em empresas como Nestlé, Raia Drogasil, Ipiranga, Lojas Americanas, B2W, Coca-Cola, Andina, Embraco, Martins Atacado, Loja do Mecânico, Santo Antônio Energia, Ecoporto e Silimed. Atualmente é uma das professores do Curso de Gestão de Estoques ministrado semestralmente pelo ILOS. Atuou no desenvolvimento e gerenciamento dos Cursos Online de Logística e Supply Chain, Processos de Suprimentos, Planejamento da Demanda, Gestão de Estoques e Gestão Industrial. Ainda na área de capacitação, foi responsável por aplicar os jogos empresariais do ILOS em empresas como Raia Drogasil, Fibria, NEC, Novartis e Moove.

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