A venda multicanal, ou omnichannel, está ganhando um reforço de peso para levar mais opções ao consumidor brasileiro. Segundo reportagem desta semana do Valor Econômico (somente para assinantes), o Google está fechando parceria com empresas varejistas brasileiras para que os seus usuários saibam quais lojas possuem determinado produto em estoque e, em certo casos, possam, inclusive, reservar o produto para pegá-lo na loja no mesmo dia.
A ideia é simples: interessado em um produto, o consumidor pesquisa no Google, que fornece em seus resultados o nível de estoque da mercadoria procurada, dando preferência às lojas mais próximas do usuário. Pilotos do projeto já aconteceram em outros países, e o Brasil é o próximo da lista da empresa norte-americana, que já tem como parceiros Leroy Merlin, Magazine Luiza e as livrarias Saraiva e Cultura.
A intenção do Google é clara: atrair ainda mais os consumidores para o seu buscador e garanti-lo como uma parte fundamental no processo de compra. Embora o Google tenha mais de 90% do market share mundial de buscadores, gigantes como a Amazon têm sido a preferência direta de muitos consumidores quando o assunto é compras, principalmente em grandes mercados, como os Estados Unidos.
Para as empresas varejistas, a quebra de um paradigma, a exposição do seu nível de estoque para outras empresas, traz vantagens claras e outras subliminares. Sem maiores investimentos, elas conseguem acessar uma parcela cada vez maior de consumidores interessados em adquirir um produto a qualquer momento e tê-lo em mãos na hora e no lugar que lhe convier.
Essa é a vantagem clara para as empresas. A outra, menos explícita, e difícil de ser provada, é que, possivelmente, essas empresas terão uma forcinha extra nos resultados do buscador. Deixando de lado teorias da conspiração e pensando apenas friamente: o Google diz que busca oferecer o melhor para o seu usuário. O que é melhor: mostrar nas primeiras posições o link de um determinado produto na loja na qual o consumidor tem certeza que será atendido ou em uma loja qualquer na qual esse item pode estar fora de estoque?
Entretanto, para aproveitar as vantagens, as empresas vão precisar fazer o seu dever de casa, garantindo a precisão das informações. Atividades como planejamento da demanda e gestão dos estoques deverão receber atenção redobrada, para evitar o risco da ruptura de estoque ou, pior, de um cliente chegar na loja com a certeza de ter o produto e se decepcionar com a falta dele. Afinal, pior do que perder a venda é, além de perdê-la, deixar insatisfeito um possível cliente.