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O IMPACTO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO, DA OPERAÇÃO E DA DEMANDA SOBRE O TIPO DE ORGANIZAÇÃO DO FLUXO DE PRODUTOS: PESQUISA DE CAMPO EM SEIS SETORES DO RANKING EXAME MELHORES E MAIORES

É crescente na literatura especializada de operações e serviços a importância atribuída à logística integrada como elemento fundamental ao gerenciamento eficiente e eficaz de cadeias de suprimentos. Por gerenciamento de cadeia de suprimentos normalmente se depreende a gestão dos fluxos correlatos de produtos, informações e recursos financeiros que vão desde o fornecedor inicial ao consumidor final, tendo como contrapartida os fluxos financeiros. A logística integrada, tendo como premissa principal a minimização do custo total para um determinado conceito de serviço preestabelecido, apresenta-se como importante processo ao gerenciamento da cadeia de suprimentos, permitindo não apenas a consecução e acondicionamento destes fluxos, mas também sua caracterização ao longo do tempo entre os diversos estágios da cadeia (BOWERSOX et al., 1996). Atualmente, existem diversos motivadores que levam a uma crescente busca pela integração de diferentes sistemas de atividades e cadeias de valor, no âmbito da cadeia de suprimentos.

  1. Pressão para reduzir os níveis de estoque, em função dos elevados custos de oportunidade de manter estoques.
  2. Pressão para agilizar o atendimento ao cliente, reduzindo o prazo de entrega e aumentando a disponibilidade, tendo em vista a crescente exigência dos clientes nos últimos anos.
  3. Pressão para customizar em massa, ou seja, oferecer para uma grande variedade de clientes produtos desenhados exclusivamente para atender suas necessidades específicas, ainda como reflexo das crescentes exigências nos últimos anos.

Para que a logística integrada assuma um papel relevante na criação de vantagem competitiva sustentável, suas principais decisões deveriam ser articuladas de modo a se reforçarem mutuamente ao longo do tempo, permitindo que sejam criados padrões de decisão coerentes com o conceito do serviço e com as características do produto e do mercado para o qual se destina este serviço. A articulação ao longo tempo de um processo decisório com os principais elementos que conformam o ambiente externo e o ambiente externo, visando a criação e manutenção de posições competitivas sustentáveis, é uma questão amplamente estudada pela área de estratégia empresarial.

Segundo PORTER (1980), esta questão estratégica poderia ser avaliada nos níveis transversal e longitudinal. O primeiro, trataria da ligação das características internas e externas à empresa (produto, operação, mercado etc) ao seu desempenho (lucratividade e retorno) num determinado momento do tempo. Esta ligação ajudaria definir o ajuste estratégico entre as decisões da cadeia/sistema de valor e as características intrínsecas ao negócio. O segundo, trataria do por quê certas empresas conseguiram (ou não) chegar a posições de vantagem e sustentá-las (ou não), além do que as permitiu assegurar as vantagens no futuro. O autor aponta que a análise do nível transversal seria prioritária, pois sem uma compreensão específica sobre o que sustenta uma posição desejável seria extremamente complexo lidar de forma analítica com o nível longitudinal.

Com relação à análise transversal da logística integrada como meio para criação de posições competitivas, a literatura especializada em operações e serviços registra, de forma dispersa e difusa, que determinados padrões de decisórios seriam mais aderentes/apropriados e/ou seriam verificados com maior freqüência para um determinado conjunto de características de produto, operação e demanda. Por exemplo, as características do produto englobariam o custo adicionado , a densidade de custos , o grau de obsolescência e o grau de perecibilidade . Características relevantes da operação logística envolveriam o valor do frete, o giro dos estoques , a visibilidade da demanda , a razão entre prazos e o tempo combinado dos ciclos de suprimento e distribuição . Finalmente, as características da demanda envolveriam a amplitude de vendas, ou o quanto a demanda máxima é superior à demanda mínima, podendo ser um consistente indicador do grau de previsibilidade das operações.

A pesquisa de campo direcionou seus esforços no entendimento de como as características do produto, da operação e da demanda poderiam conformar as principais decisões relativas à organização do fluxo de produtos em empresas fabricantes de bens de consumo, que vendem não exclusivamente, mas necessariamente, ao varejo. Especificamente, foram consideradas as seguintes áreas de decisão em logística integrada como relevantes para a definição e compreensão do tipo de organização do fluxo de produtos em seu nível mais genérico ou amplo: localização física ou alocação dos estoques, coordenação da reposição ou do fluxo de produtos, e base para acionamento do fluxo de produtos (gestão de estoques); número de estágios e quantidade de instalações (dimensionamento da rede de instalações) e escolha do modal e procedimentos para consolidação de carregamentos (política de transportes).

  1. REFERENCIAL TEÓRICO: COMO AS CARACTERÍSTICAS AFETAM O TIPO DE ORGANIZAÇÃO DO FLUXO DE PRODUTOS

Nesta seção são apresentadas as razões teórico-conceituais, além de evidências empíricas encontradas na literatura especializada, sobre como e por que determinadas características do produto, da operação e da demanda, favoreceriam determinados tipos de organização do fluxo de produtos, definidos com base em decisões tático-estratégicas de gestão de estoques, dimensionamento da rede de instalações e política de transportes.

2.1.Gestão de Estoques

Alocação de Estoques. Englobaria a decisão acerca da localização física dos estoques na rede de instalações, estando fortemente associada ao posicionamento físico dos seus componentes de ciclo e de segurança. A centralização dos estoques numa única instalação implicaria na postergação no espaço do fluxo de produtos, ao passo que sua descentralização por duas ou mais instalações significaria a antecipação do fluxo de produtos no espaço. A literatura especializada indica que são três os fatores que determinariam um maior ou menor grau de centralização dos estoques numa rede de instalações: as características do produto, as características da demanda e da operação e as decisões em políticas de transporte referentes à contratação de transporte premium ou à exploração de economias de escala decorrentes da consolidação dos carregamentos.

Corroborando o anteriormente exposto, as características do produto abrangeriam as seguintes dimensões: custo dos produtos vendidos, densidade de custos agregados  e o grau de obsolescência. De maneira geral, poderia se afirmar que quanto maior forem o CPV, a densidade de custos agregados e o grau de obsolescência dos produtos, maior seria a tendência para centralização dos estoques (SILVER et al. (1985), BALLOU (1992) e CHISTOPHER (1997)).

Por outro lado, as características da demanda e da operação abrangeriam, respectivamente, a amplitude da demanda e o giro. Quanto maiores forem estes fatores, maior seria a propensão para descentralização dos estoques, basicamente por que são minimizados os riscos associados à obsolescência, perda ou encalhe de produtos. Normalmente, produtos com ciclos de vida mais longos, e pequeno número de substitutos apresentam um perfil de demanda mais previsível (SILVER et al. (1985), MENTZER et al. (1998) e WATERS (1992)).

Outros fatores relevantes à decisão de alocação dos estoques são a contratação de transporte premium e a criação de economias de escala no transporte. A contratação de transporte premium pode contribuir favoravelmente à centralização dos estoques, na medida que rompe com a premissa da presença local (BOWERSOX et al., 1996). A existência de fortes economias de escala no transporte, por outro lado, criam um ambiente favorável à descentralização dos estoques, pois torna relativamente menos onerosa a distribuição de produtos na cadeia de suprimentos (BALLOU, 1992).

Base para Acionamento do Fluxo de Produtos. Envolveria a integração e a articulação coerente da gestão de estoques com as políticas de produção e distribuição. Por exemplo, sob esta perspectiva, a decisão de produzir para estoque (antecipar a produção no tempo com base em previsões de vendas) ou produzir contra-pedido (postergar a produção no tempo até a concretização da demanda real) é de fundamental importância para o desenho dos sistemas logísticos (BOWERSOX et al. (1996) e CLOSS et al. (1998)). Alguns fatores normalmente observados na literatura com relação a esta decisão são: o CPV, o grau de obsolescência e a estrutura de custos fixos/variáveis do processo produtivo.

O grau de flexibilidade do processo de fabricação poderia favorecer produção contra pedido (usando a demanda real como base para acionamento do fluxo), na medida em que fosse economicamente viável adiar a execução de determinados estágios até a colocação do pedido pelo cliente. Sob determinadas circunstâncias, operações finais de mistura, montagem e embalagem seriam postergadas até que houvesse uma definição a respeito de quais SKUs (stock keeping units) seriam vendidos, eliminando, com isto, os riscos associado à incerteza da demanda futura (ZINN et al., 1988).

O perfil de custos agregados ao produto em cada etapa da produção, indicaria quando e de quanto o produto aumenta de custo agregado. Quanto maior fosse a proporção de custos agregados nas etapas finais, maior seria o benefício associado à postergação destas atividades no tempo (PAGH et al., 1998). Finalmente, na medida que fosse possível reconfigurar as operações de manufatura, tornando-as mais flexíveis (implicando numa maior proporção de custos variáveis) e menos dependentes de economias de escala (implicando numa menor proporção de custos fixos), tornar-se-iam viáveis economicamente as políticas de produção contra pedido.

Coordenação do Fluxo de Produtos. Englobaria a decisão acerca da lógica de acionamento do fluxo de produtos, se puxada ou empurrada. A noção (perspectiva) de puxar ou empurrar o fluxo de produtos estaria diretamente relacionada ao estágio da cadeia responsável pela decisão de ressuprimento dos estoques, ou seja, para um determinado elo, se seria o estágio posterior (mais próximo do cliente ou consumidor final) ou se seria o estágio anterior (mais próximo do fornecedor inicial). Um fluxo de produto puxado teria seu início no estágio posterior, através da transmissão de uma informação para o estágio anterior apontando para a necessidade de ressuprimento. Por outro lado, um fluxo empurrado teria seu início no estágio anterior, através da estimativa, mediante técnicas de previsão ou outros métodos de planejamento, das necessidades futuras de consumo do material. Evidências empíricas apontadas por diversos autores (STALK (1988), INMAN (1999) e CHRISTOPHER (2000)) indicam dois fatores básicos que deveriam ser obser
vados com relação a esta decisão: tempo total dos ciclos de suprimento e distribuição em cada estágio e a visibilidade da demanda.

Tempos de ciclos de suprimento e distribuição mais curtos que o exigido pelo cliente final favoreceriam que a coordenação do fluxo de produtos fosse puxada, ou seja, controlada pelo estágio mais próximo do consumidor final. Contrariamente, tempos de ciclos de suprimento e distribuição mais longos que o exigido pelo cliente final exigiriam que o fluxo de produtos fosse empurrado em antecipação à demanda, ou seja, controlado pelo estágio mais afastado do consumidor final.

Um dos principais problemas relativos à coordenação do fluxo de produtos é a visibilidade limitada com relação à demanda do consumidor final. O ponto até o qual a demanda real penetra na cadeia de suprimentos em direção ao fornecedor inicial é conhecido como ponto de desacoplamento (decoupling point), segundo CHRISTOPHER (2000) ou ponto de penetração do pedido (order penetration point), conforme SHARMAN (1984). O conceito implícito no ponto de desacoplamento ou ponto de penetração do pedido é mudança na forma de coordenar os fluxos de produtos. Na realidade, a questão principal não é o quão distante do consumidor final está sendo colocado um pedido, mas se a demanda real (do consumidor final) é visível ou não para um determinado estágio da cadeia. A não visibilidade da demanda levaria ao acionamento empurrado do fluxo de produtos, ao passo que a visibilidade da demanda permitiria que o fluxo de produtos fosse puxado.

2.2. Política de Transportes

Dependendo das características do modal escolhido, os níveis de estoque de segurança, de ciclo e em trânsito poderiam ser maiores ou menores. Análises preliminares das características do produto, com vistas à seleção do modal de transporte, deveriam transcender suas dimensões de peso e/ou volume e o CPV. Segundo a literatura, um fator determinante para a escolha do modal de transporte é a densidade de custos, ou seja, a razão entre o custo agregado do produto e seu peso. As implicações de um produto com baixa densidade de custos ($/kg) na escolha do modal de transporte seriam relevantes, uma vez que para ser projetada a operação com menor custo logístico total, deveria ser escolhido o modal de transporte cujo custo unitário fosse compatível com a densidade de custo do produto.

Outro fator que deveria ser observado na escolha do modal de transporte é a variabilidade da demanda dos produtos a serem transportados. As implicações de um produto com elevada variabilidade da demanda na escolha do modal de transporte mais apropriado também não seriam desprezíveis. A operação de menor custo logístico total seria obtida através de um modal de transporte que fornecesse flexibilidade suficiente para acompanhar as variações na demanda, minimizando as chances de decisões equivocadas, como mandar quantidades erradas, do produto errado, para o local errado. Neste caso, modais de transporte mais rápidos e de menor capacidade, permitindo que fossem consolidados carregamentos em menor espaço de tempo, como o rodoviário, gerariam a flexibilidade necessária para que as operações acompanhassem as flutuações da demanda.

2.3. Dimensionamento de Rede de Instalações

Envolveria a definição do número de estágios da rede, a quantidade de instalações em cada um dos estágios, a localização e a missão (produtos e mercados atendidos) de cada uma das instalações. Estas decisões são umbilicalmente associadas à definição do padrão de decisão em alocação de estoques e à formalização da política de transportes.

  1. TIPOLOGIA PROPOSTA PARA O ENTENDIMENTO DA ORGANIZAÇÃO DO FLUXO DE PRODUTOS

Uma vez apresentadas as decisões referentes à Política de Transportes, à Gestão de Estoques e ao Dimensionamento da Rede de Instalações como relevantes para a definição e caracterização do fluxo de produtos, uma consideração adicional com relação a sua natureza deve ser feita para melhor compreensão da tipologia para a organização do fluxo de produtos adotada na pesquisa de campo. Ainda que estas três decisões ao nível estratégico sejam principais e primordiais para a criação de vantagem competitiva através da logística integrada ; são as áreas de decisão de gestão de estoques caracterizam e definem o fluxo de produtos e de informações em suas dimensões principais: razão entre suas quantidades físicas e os tempos de processamento, freqüência média entre acionamentos consecutivos, distância/tempo entre os pontos de origem e destino, previsibilidade da(s) demanda/vendas/operações e definição da responsabilidade por seu acionamento.

Neste sentido, é apresentada na Tabela 1 uma tipologia para classificação dos fluxos de produtos em suas três dimensões principais: coordenação, alocação no espaço e base para acionamento no tempo. Ainda que envolva certo grau de arbitrariedade por englobar apenas três decisões para caracterizar o fluxo de produtos e desconsiderar tantas outras possíveis, na tipologia para classificação do fluxo de produtos foram incorporadas as decisões de caráter mais amplo encontradas na literatura especializada, segundo as quais uma política para a organização do fluxo de produtos seria passível de definição no seu sentido mais amplo: empurrar/puxar, antecipar/postergar no espaço e antecipar/postergar no tempo. Os demais recursos/atividades ou dimensões estruturais/infraestruturais presentes na política de transportes ou no dimensionamento da rede de instalações seriam, a princípio, definidos de acordo e coerentemente com o padrão escolhido do fluxo de produtos e informações, por sua vez, reflexo das características do p
roduto, da operação e da demanda.

Percebe-se que teoricamente existiriam pelo menos oito maneiras/tipos/padrões diferentes para uma empresa organizar seu fluxo de produtos . Por exemplo, existem fluxos puxados, acionados pela demanda e centralizados, como o caso da Dell e do Consórcio Modular da VW em Resende, e fluxos empurrados, acionados por previsão de vendas e descentralizados, como é o caso da indústria de alimentos e do petróleo. Entretanto, são passíveis de comprovação apenas seis destes oito fluxos, pois fluxos empurrados só podem ser acionados através de previsão de vendas, e não contra a demanda real.

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  1. OBJETIVOS E METODOLOGIA DA PESQUISA

Tomando como ponto de partida o referencial teórico, e considerando a perspectiva de uma empresa fabricante de bens de consumo, a pergunta principal que a pesquisa de campo se propõe a responder sobre o enfoque estático da criação de posições competitivas com base na logística integrada é:

“QUAIS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO, DA OPERAÇÃO E DA DEMANDA ESTÃO RELACIONADAS SIGNIFICATIVAMENTE COM OS TIPOS DE ORGANIZAÇÃO DO FLUXO DE PRODUTOS?”

Mais especificamente, e para fins de orientação da pesquisa, esta pergunta geral se desdobra nas seguintes perguntas específicas, passíveis de falseamento a partir de testes de hipóteses .

(1) Quais características do produto, da operação e da demanda estão relacionadas significativamente com a tomada de decisão relativa (a) a alocação dos estoques, (b) a coordenação do fluxo de produtos, (c) a base para acionamento do fluxo de produtos, (d) a política de transportes e (e) ao dimensionamento da rede de instalações?

(2) Quais características do produto, da operação e da demanda influenciam significativamente a definição de uma política para organização do fluxo de produtos no seu sentido mais amplo?

(3) Quais são as características do produto, da operação e da demanda e quais são as decisões que apresentam comportamento significativamente diferente, quando a amostra é estratificada por tipo de setor da economia?

A resposta a estas questões permitirá refinar e propor uma unificação para o referencial teórico, atualmente difuso, sob os enfoques estáticos da criação de posições competitivas a partir das decisões em logística integrada. Esta unificação permitirá/viabilizará a apresentação de um instrumento conceitual/normativo para avaliação do atual padrão decisório com relação à organização do fluxo de produtos, pelo menos nos limites passíveis de generalização a partir da amostra utilizada.

A população considerada como ponto de partida para a presente pesquisa é a definida pelo conjunto de 500 empresas que compõem a lista da publicação Exame Melhores e Maiores Edição 2000. A população em questão é composta por 22 diferentes setores da economia (sub-populações), abrangendo atividades de cunho extrativo, industrial e de serviços. Em função da delimitação da abrangência da pesquisa aos reconhecidos setores industriais de bens de consumo duráveis e não-duráveis que vendem necessariamente, mas não exclusivamente, para o varejo, foram descartadas as sub-populações relacionadas aos setores primários e terciários da economia, além das sub-populações dos setores secundários não enquadradas nesta restrição. Além disto, condicionantes de tempos e prazos impuseram restrições à pesquisa das seis maiores sub-populações do setor secundário de bens de consumo com venda ao varejo.

Desta forma, as sub-populações (tamanhos) endereçadas pela pesquisa de campo são as compostas pelo setor Químico e Petroquímico (46), Alimentício (40), Automotivo (31), Tecnologia e Computação (26), Eletro-eletrônico (21) e Farmacêutico (17). O tamanho total destas sub-populações perfaz 181 empresas, ou 36,2% da população total de 500 empresas. Entretanto, se for considerado para efeito de definição populacional o conjunto de setores industriais de bens de consumo duráveis e não-duráveis que vendem necessariamente, mas não exclusivamente, para o varejo relacionados na Revista Exame, o tamanho da população é de 254 empresas. As 6 sub-populações endereçadas pela pesquisa perfazem 71,3% deste total.

Para cada uma das seis sub-populações definidas acima foram coletadas seis amostras obedecendo a um processo quase-aleatório (quasi-random) com repetição. O processo foi quase-aleatório, pois, apesar da amostra de cada sub-população ter sido gerada aleatoriamente, com base na relação de empresas presente na Revista Exame, parte das empresas inicialmente contatadas recusou-se a participar da pesquisa de campo, levando a sua substituição por outras do mesmo setor/sub-população que se dispusessem a participar da pesquisa (amostragem por conveniência). O processo foi com repetição, pois de cada empresa foram coletadas informações referentes a um SKU classe A em faturamento e a um SKU classe E em faturamento. A determinação do tamanho amostral para cada sub-população teve como pano de fundo o entendimento e a interconexão das seguintes questões: aproximação pela distribuição normal, escolha do método estatístico e estratificação da amostra, observando-se os seguintes aspectos.

  • Não existe um tamanho amostral mínimo necessário para confirmar a validade da aproximação pela normal em cada sub-população, por dois motivos básicos: além das sub-populações (setores) serem finitas e pequenas, relatos históricos indicam o caráter assimétrico de variáveis setoriais;
  • Os testes não-paramétricos não exigem que os tamanhos da amostras das seis sub-populações (setores) pesquisadas sejam iguais, devendo ser empregados quando não é válida a premissa da aproximação pela normal nas sub-populações;
  • Como a estimação de parâmetros populacionais não é o objetivo principal da pesquisa, mas sim a identificação da correlação entre variáveis e o controle de efeitos espúrios por entre as sub-populações (ou setores da economia), as frações amostrais de cada estrato não precisam ser necessariamente iguais à fração de cada sub-população (estratificação proporcional), podendo ser igual o tamanho amostral dos seis estratos pesquisados para efeitos de simplificação e conveniência (estratificação desproporcional). Os efeitos da estratificação desproporcional foram considerados quando da estimação de parâmetros populacionais, sendo o peso cada estrato no cômputo total corrigido pela relação entre a fração amostral coletada e a fração populacional.

Observados estes pontos, optou-se, por questões de simplificação, sem, no entanto, afetar a confiabilidade dos resultados da pesquisa e sem prejuízo aos seus objetivos, coletar inicialmente amostras de tamanho igual a 5, em cada um dos seis setores definidos na pesquisa. Entretanto, algumas empresas selecionadas inicialmente recusaram-se a participar da pesquisa, configurando o quadro final de tamanhos amostrais e frações amostrais coletadas na tabela 2.

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O questionário construído para atender aos objetivos da pesquisa de campo é composto em sua totalidade questões factuais ministradas por outros dois pesquisadores, além do autor deste trabalho, ao longo do segundo semestre de 2001. Questões de caráter factual simplificam consideravelmente o projeto do questionário, pois aspectos como a elaboração de diferentes maneiras alternativas para uma mesma pergunta, são minimizados, ao passo que em aspectos como a possibilidade do entrevistador interagir com o entrevistado para assegurar o correto entendimento e resposta da questão, há maior flexibilidade que em questões opinativas (MOSER et al., 1971). Além destes aspectos, merece menção o fato do questionário ter sido concebido para ser respondido no tempo médio de uma hora e no tempo máximo de uma hora e meia.

Cabe ressaltar que as questões factuais contidas no questionário apresentado ao final desta seção reportam-se a eventos presentes e são familiares aos respondentes. Responderam por cada empresa gerentes ou supervisores de nível hierárquico médio, responsáveis pela área de logística (armazenagem, processamento de pedidos, estoques e distribuição). Em alguns casos, os gerentes entrevistados também possuíam em seu alcance de controle decisões relativas à compra de suprimentos, à programação de produção e à exportação/importação, fato verificado exclusivamente nos setores automobilístico, farmacêutico e de tecnologia e computação. Além disto, em circunstâncias nas quais os respondentes desconheciam as variáveis inquiridas, responderam funcionários de outros setores com domínio específico sobre o tema.

  1. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

A amostra pesquisada, em função de seu tamanho e heterogeneidade, não apresentou aderência às condições de simetria e normalidade exigidas para que sejam aplicadas satisfatoriamente as técnicas de Análise de Variância (ANOVA) e cálculo do Coeficiente de Correlação Linear de Pearson. Desta forma foram utilizados testes Não-Paramétricos para testar as hipóteses de diferenças de médias entre os setores e a significância da correlação entre as decisões em estratégia e as características do produto, da demanda e da operação. Especificamente, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para identificação de diferenças entre as médias setorais, tanto para as decisões quanto para as características e o Coeficiente de Correlação Tau-b de Kendall (G) para a identificação de relações significativas entre as variáveis (CONOVER, 1971). Todas as análises que se seguem tiveram como critério o nível de significância de 95% (p=0.05) para testar as hipóteses nulas de igualdade entre médias setoriais e de não haver correlação entre as variáveis.

Ainda que não tivesse sido verificada aderência total dos resultados encontrados à revisão da literatura sobre quais características do produto, da demanda e da operação conformariam as decisões em estratégia de serviços logísticos, foi possível confirmar várias relações estatisticamente significativas em empresas brasileiras, além de identificar outras que não haviam sido consideradas. Em resumo, poderiam ser feitas as seguintes afirmações, considerando uma perspectiva estática do ambiente competitivo que permeia os diferentes setores pesquisados.

A coordenação do fluxo de produtos não apresentou correlações significativas com a visibilidade da demanda e o tempo de ciclo de suprimento e distribuição, conforme apontava a revisão da literatura. Outras variáveis como o grau de obsolescência, grau de perecibilidade, CPV e valor do frete, além da razão entre prazos, que é uma variante do tempo de ciclo de suprimento e de distribuição, apresentaram impactos significativos.Uma possível interpretação para estes resultados seria afirmar que a decisão de coordenação do fluxo de produtos pode ser conformada por quatro fatores principais, conforme ilustra a figura 1.

(a)              A Flexibilidade Intrínseca de Resposta do Sistema, indicada pela razão entre o prazo de entrega do produto acabado para o cliente e o prazo de entrega do insumo mais demorado (RP). Quanto maior esta razão, mais flexível e de menor custo será a capacidade de resposta da empresa ao cliente, levando à organização de fluxos puxados.

(b)              A Natureza do Processo de Envelhecimento dos Estoques, indicada pelo grau de obsolescência (GO) e de perecibilidade dos produtos (GP). Na amostra pesquisada estas variáveis apresentaram-se negativamente correlacionadas (G=-0,678; p<0,001), sugerindo que na maior parte das vezes o elemento direcionador do envelhecimento dos produtos é exclusivamente a obsolescência (ciclo de vida) ou a perecibilidade (prazo de validade). Quanto maior o grau de obsolescência, maior a propensão aos fluxos de produtos puxados, ao passo que quanto maior o grau de perecibilidade, maior a propensão aos fluxos de produtos empurrados. Provavelmente isto seja explicado pela necessidade dos fabricantes de bens de consumo não-duráveis (perecíveis) articularem o ritmo de produção e distribuição com o shelf life ou a vida útil do produto na prateleira do varejista ou do canal de distribuição. Por outro lado, o grau de perecibilidade e o CPV são negativamente correlacionados (G=-0,372; p=0,001) implicando num menor comprometimento de capital de giro para colocar uma unidade de produto a mais em estoque; contrariamente ao grau de obsolescência, positivamente correlacionado ao CPV (G=0,58; p=0,001).

(c)              A Necessidade de Capital de Giro para financiar uma unidade a mais de produto em estoque, representada pelo CPV. Quanto menor esta necessidade, maior a propensão aos fluxos de produtos empurrados.

(d)              Os Gastos por kg com Distribuição, representados pelo valor do frete de distribuição por kg. Quanto maiores forem estes gastos, maior será a propensão para fluxos de produtos puxados.

O cálculo das estatísticas descritivas para cada um dos fatores acima considerados é extremamente relevante para quantificar sob quais circunstâncias deveria ser o fluxo de produtos puxado ou empurrado. Em outras palavras, conhecer a média, a mediana, o mínimo, o máximo e o desvio-padrão de variáveis como o CPV, o grau de obsolescência, o grau de perecibilidade, a razão entre prazos e o valor do frete, com relação aos conjuntos de casos pesquisados nos quais foram verificados fluxos puxados e empurrados, pode auxiliar a tomada de decisão gerencial no que diz respeito à coordenação do fluxo de produtos. Desta forma, seria possível responder as seguintes questões: qual a magnitude típica de um elevado CPV? A partir de qual patamar poderia um produto ser considerado com baixo grau de perecibilidade? Qual a ordem de grandeza de um elevado valor do frete por kg?

Figura 1 – Fatores que Influenciam a Decisão de Coordenação do Fluxo de Produtos

A tabela 3 constitui um instrumento para apoio à tomada de decisão, apresentando a mediana dos fatores significativamente correlacionados com a decisão de coordenação do fluxo de produtos. Segundo esta tabela deveriam ser empurrados produtos com CPV inferior a $6,50, sem grau de obsolescência, com grau de perecibilidade superior a 0,04 (equivalente a um prazo de validade de 25 meses), com prazo de resposta exigido pelo cliente inferior ao equivalente a 3% do prazo de entrega do insumo mais crítico e valor de frete inferior a $ 0,07 /kg. Por outro lado, deveriam ser puxados produtos com CPV superior a $ 680, com grau de obsolescência superior a 0,04 (equivalente a um ciclo de vida de 25 meses), sem grau de perecibilidade, com prazo de resposta exigido pelo cliente superior ao equivalente a 11% do prazo de entrega do insumo mais crítico e valor do frete superior a $ 0,14 /kg.

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A alocação dos produtos é influenciada significativamente pela densidade de custos, pela amplitude de vendas, pelo giro dos produtos e pela contratação de transporte premium. Variáveis como o CPV e o grau de obsolescência, ao contrário do que apontava a revisão da literatura, não apresentaram correlações significativas com a decisão de alocação. Uma possível interpretação para estes resultados seria afirmar que a alocação dos estoques pode ser conformada, de modo geral, por quatro fatores descritos a seguir, conforme ilustra a figura 2.

(a)              O Risco de Manter Estoques de Segurança, representado pela amplitude de vendas (AV). Quanto maior a amplitude de vendas, maior a sua variabilidade, normalmente calculada pelo desvio-padrão das vendas, implicando em estoques centralizados.

(b)              A Necessidade de Criar e Explorar Economias de Escala no Transporte, representada pela densidade de custos adicionados (DC). Produtos com baixa densidade de custos adicionados por kg ou m3 normalmente implicam políticas de transporte de baixo custo unitário por kg ou m3, como uma forma de assegurar a competitividade. Não obstante, a densidade de custos e o valor do frete apresentaram-se positivamente correlacionados (G=0,547; p<0,001).

Figura 2 – Fatores que Influenciam a Decisão de Alocação dos Estoques

(c)              A Aderência da Política de Reposição dos Estoques aos níveis de venda, representada pelo giro dos estoques (G). Um elevado giro de produto normalmente resulta de políticas de reposição de estoques que acompanham sistematicamente os níveis de venda ou de níveis de venda relativamente superiores aos tamanhos médios de lotes de produção e distribuição dos produtos. Estes fatores favorecem a descentralização física dos estoques, já que é menor o risco associado a sua pulverização. Interessante notar que o giro dos estoques apresentou-se negativamente correlacionado à densidade de custos do produto na amostra pesquisada (G=-0,329; p=0,005). Isto corrobora a tese levantada nos itens anteriores: se, por um lado, produtos com baixa densidade de custos adicionados necessitariam gerar e explorar economias de escala no transporte para manterem-se competitivos, provavelmente através da consolidação de carregamentos por longas distâncias, por outro lado, o nível médio de vendas entre dois ressuprimentos consecutivos deveria ser suficientemente alto para assegurar um razoável giro de estoques.

(d)              O Tempo e a Variabilidade da Resposta do Transporte, representado pela contratação do transporte premium (TP). Quanto mais rápido e confiável o tempo de resposta do transporte, maior a tendência à centralização, superando-se o paradigma da presença local.

A Tabela 4 apresenta as medianas das variáveis significativamente relevantes para a decisão de alocação dos estoques, considerando as decisões de centralização e de descentralização. Esta tabela também constitui um instrumento para tomada de decisão com relação à alocação dos produtos, permitindo identificar questões como: qual a magnitude típica de um produto com elevado giro? A partir de qual patamar um produto poderia ser considerado de baixa densidade de custos? Qual ordem de grandeza de uma elevada amplitude de vendas?

A adoção da base para acionamento, conforme o esperado pela literatura, seja com base em previsões de vendas ou em reposta à demanda real, é influenciada significativamente pelo CPV e pelo grau de obsolescência. Além destas variáveis, também influenciam o grau de perecibilidade, o valor do frete e a razão entre prazos. Os quatro fatores que influenciam a determinação da base para planejamento são os mesmos que afetam a decisão de coordenação do fluxo de produtos. Não obstante, estas duas áreas de decisão apresentaram-se fortemente correlacionadas na amostra pesquisada (G=-0,822; p<0,001), indicando que fluxos de produtos empurrados dependem necessariamente de previsão de vendas para seu acionamento, e fluxos de produtos puxados são em grande maioria estimulados pela demanda real.

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Figura 3 – Fatores que Influenciam a Definição da Base para Acionamento do Fluxo de Produtos

 

A Tabela 5 apresenta a mediana das variáveis significativamente relevantes para a definição da base de acionamento, sendo também um instrumento de apoio para a tomada de decisão.

Além destas conclusões, análises feitas entre estes seis setores pesquisados revelaram que existem diferenças significativas em seus padrões de decisão de coordenação do fluxo de produtos, alocação dos estoques, definição da política de produção e escolha do modal de transporte. Diferenças significativas foram verificadas não apenas nestas decisões, mas também com relação a algumas características do produto, demanda e operação.

  • Alimentício, eletro-eletrônico, farmacêutico e químico e petroquímico são setores onde predominam fluxos empurrados de produtos, ao passo que automotivo e tecnologia e computação são setores onde predominam fluxos puxados de produtos.
  • Farmacêutico e tecnologia e computação são setores onde predominam estoques centralizados numa única instalação, ao passo que alimentício, automobilístico, eletro-eletrônico e químico e petroquímico são setores onde predominam estoques descentralizados.
  • Automobilístico e tecnologia e computação são setores onde predominam a demanda real como base para acionamento do fluxo de produtos, ao passo que alimentício, eletro-eletrônico, farmacêutico e químico e petroquímico são setores onde predominam previsões de vendas como base para acionamento. A tabela 6 apresenta estes resultados.
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Com relação aos tipos de organização do fluxo de produtos a pesquisa de campo aponta as seguintes conclusões conforme indica a Tabela 7. (1) 69,2% dos casos pesquisados têm seus fluxos de produtos empurrados com base em previsões de vendas, ou seja, antecipam-se às vendas futuras (Tipos 1 e 3); (2) 23,1% dos casos pesquisados têm seus fluxos puxados em resposta à demanda real, ou seja, são postergados até que as vendas reais se concretizem (Tipos 2b e 4b); (3) os casos restantes (7,7%) têm seus fluxos puxados por estágios mais próximos do consumidor final, mas mesmo assim utilizam previsões de vendas para seu acionamento (Tipo 2a e 4a); (4) descentralizar os estoques por várias instalações é uma prática dominante (61,6% dos casos pesquisados) em diversos setores brasileiros; (5) empurrar o fluxo de produtos significa sempre utilizar previsões de vendas para antecipar acontecimentos futuros na produção e na distribuição e (6) puxar o fluxo de produtos significa, na maior parte das vezes (75 % dos casos), utilizar a demanda real para postergar operações de produção e distribuição até que a demanda se concretize.

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A seguir são apresentadas as conclusões com relação ao tipo de organização do fluxo de produtos para cada um dos seis setores pesquisados.

(a)              No setor alimentício, 70% dos fluxos de produtos pesquisados são empurrados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 1), ao passo que os outros 30% são puxados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 2a). O setor alimentício caracteriza-se por produtos com baixo CPV, baixa densidade de custos, por um certo grau de perecibilidade, baixo valor de frete, visibilidade da demanda apenas nos programas ECR e pequena amplitude de vendas; enquadrando-se no Tipo 1 os alimentos não perecíveis e no Tipo 2a os alimentos perecíveis.

(b)              No setor farmacêutico, 80% dos fluxos de produtos são empurrados, centralizados e planejados por previsão (Tipo 3), ao passo que os outros 20% são empurrados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 1). O setor farmacêutico caracteriza-se, sobretudo, por uma elevada densidade de custos, baixíssima obsolescência, pois os ciclos de vida são longos (processos proprietários e patenteados) e por pequena perecibilidade. No Tipo 1, enquadram-se medicamentos de baixo CPV e no Tipo 3, medicamentos de alto CPV.

(c)              No setor químico e petroquímico, 40% dos fluxos são empurrados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 1), 40% dos fluxos são empurrados, centralizados e planejados por previsão (Tipo 3) e apenas 20% puxados, descentralizados e planejados pela demanda (Tipo 2b). No tipo 1 enquadram-se os combustíveis, no Tipo 3 os lubrificantes e no Tipo 2b, alguns insumos químicos de mais alto CPV e baixo giro.

(d)              No setor eletro-eletrônico, 50% dos fluxos de produtos são empurrados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 1), 25% são empurrados, centralizados e planejados por previsão (Tipo 3) e 25% são puxados, descentralizados e planejados pela demanda (Tipo 2b). No tipo 1 enquadram-se importados de baixo CPV, no tipo 3 enquadram-se importados de alto CPV e no Tipo 2b produtos eletro-eletrônicos de fabricação nacional com baixo CPV.

(e)              Finalmente, no setor automobilístico 33 1/3 % dos fluxos são empurrados, descentralizados e planejados por previsão (Tipo 1), 33% são puxados, descentralizados e planejados pela demanda (Tipo 2b) e os últimos 33% são puxados, centralizados e planejados pela demanda (Tipo 4b). O setor de tecnologia e computação, em função do elevado percentual de itens importados e das barreiras alfandegárias brasileiras, não apresenta um padrão definido de organização do fluxo de produtos.

  1. NOTAS

Podendo ser aproximado pelo CPV – Custo dos Produtos Vendidos – indicador financeiro-contábil.

Razão entre o custo adicionado e o peso ou volume do produto, visando responder o quanto custaria o produto por kg ou m3.

Inverso da duração do ciclo de vida; produtos com ciclos de vida mais longos apresentariam menor grau de obsolescência.

Inverso da duração do prazo de validade; produtos com maior prazo de validade apresentariam menor grau de perecibilidade.

Razão entre as vendas e o nível de estoque médio.

Indica se a empresa acessaria ou não a demanda do consumidor final em tempo real.

Mede o quanto o prazo exigido pelo cliente é superior ao prazo de entrega oferecido pela empresa; quanto maior esta razão, mais flexível e de menor custo será a capacidade de resposta da empresa ao cliente.

Calculado como a soma do prazo de entrega para recebimento do insumo mais crítico com o prazo de entrega oferecido pela empresa..

Uma vez que englobam desde o comprometimento de recursos e estruturas físicas associadas à viabilização, consecução e acondicionamento do fluxo de produtos no espaço e no tempo, até sua caracterização, através do estabelecimento de rotinas e procedimentos para seu acionamento.

Resultante de todas as combinações possíveis com relação às decisões de puxar/empurrar; antecipar/postergar no tempo e antecipar/postergar no espaço 2 x 2 x 2 = 8.

Convencionalmente, os testes de hipóteses testam a congruência teoria-fato na direção dos dados empíricos validarem a teoria (CASTRO, 1978). Um exemplo neste sentido seria a centralização dos estoques de produtos com alto custo adicionado (fato). A justificativa teórica para tal decisão seria o benefício obtido com a redução dos níveis de estoque de segurança na rede logística, e a conseqüente desmobilização de capital de giro empatado. Caso se verifique uma correlação significativa (teste de hipótese) entre as variáveis custo adicionado (independente ou explicativa) e centralização dos estoques (dependente), poder-se-ia deduzir com base no arcabouço teórico que esta decisão relaciona-se com o desejo de reduzir os custos de oportunidade de manter estoques, materializados pelo nível de custo adicionado.

Definida, com base no referencial teórico, como conseqüência da articulação das decisões de alocação, base para acionamento do fluxo de produtos e coordenação do fluxo de produtos.

  1. BIBLIOGRAFIA

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Doutor em Ciências em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e visiting scholar do Departamento de Marketing e Logística da Ohio State University. Possui os títulos de Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e de Engenheiro de Produção pela Escola de Engenharia da mesma universidade. Professor Adjunto do Instituto COPPEAD de Administração da UFRJ, coordenador do Centro de Estudos em Logística. Atua em atividades de ensino, pesquisa, e consultoria nas áreas de localização de instalações, simulação de sistemas logísticos e de transportes, previsão e planejamento de demanda, gestão de estoques em cadeias de suprimento, análise de eficiência de unidades de negócio e estratégia logística. Possui mais de 60 artigos publicados em congressos, revistas e periódicos nacionais e internacionais, tais como o International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, International Journal of Operations & Production Management, International Journal of Production Economics, Transportation Research Part E, International Journal of Simulation & Process Modelling, Innovative Marketing e Brazilian Administration Review. É um dos organizadores dos livros “Logística Empresarial – A Perspectiva Brasileira”, “Previsão de Vendas - Processos Organizacionais & Métodos Quantitativos”, “Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento do Fluxo de Produtos e dos Recursos”, “Introdução ao Planejamento de Redes Logísticas: Aplicações em AIMMS” e “Introdução ao Planejamento da Infraestrutura e Operações Portuárias: Aplicações de Pesquisa Operacional”. É também autor do livro “Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimento – Decisões e Modelos Quantitativos”.

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