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Matriz de transportes do Brasil à espera dos investimentos


O Brasil é um país muito dependente do modal rodoviário. Esta frase é de conhecimento geral para muitos brasileiros e uma realidade histórica para aqueles que trabalham no setor logístico. Ano após ano nos deparamos com esta dependência, esperando que uma mudança ocorra e que passemos a utilizar em maior escala modais mais baratos e eficazes. Nesta direção, o governo federal tem buscado avançar com medidas como a aprovação recente do Programa de Incentivo à Cabotagem (BR do Mar), com a Medida Provisória 945 que simplifica o arrendamento de terminais portuários e com o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), que tem trazido investimentos privados para a infraestrutura logística. Porém, tais medidas necessitam de tempo para alterar o panorama de movimentação de cargas e, pelo que observamos na Matriz de Transportes de 2019, a realidade ainda retrata a tal dependência histórica.

Em 2019, o Brasil movimentou 61% de suas cargas através das rodovias, considerando os TKUs (tonelada-quilômetro útil) movimentados. No mesmo período, 21% das cargas seguiram pelo modal ferroviário, 12% por cabotagem, 4% por dutos, 2% por hidrovias e menos de 1% pelo modal aéreo. Em comparação a 2018, houve pequenas mudanças, como crescimento de 1 p.p. no modal rodoviário e a redução de 2 p.p. no ferroviário, esta última afetada pela redução na produção e na movimentação de trens de minério da Vale, em decorrência da tragédia de Brumadinho em janeiro de 2019.

Comparando com a matriz de transportes de outros países, podemos perceber o quão desequilibrada é a utilização dos diferentes modais para transporte de cargas no Brasil. Considerando o modal ferroviário, por exemplo: a Austrália movimenta 55% de suas cargas através deste modal, enquanto o Canadá movimenta 34% e os Estados Unidos 27%. Já o modal Aquaviário (cabotagem + hidroviário) é amplamente utilizado na China, onde 48% dos TKUs movimentados no país utilizam rios e mares, além de também ser bastante utilizado no Japão (44%) e na União Europeia (36%). Dutos são bastante utilizados no Canadá (40%) e nos Estados Unidos (22%). O único modal em que o Brasil se destaca é, de fato, o modal rodoviário, em que o Brasil atinge índices muito superiores a países e regiões como o Japão (51%), União Europeia (50%), Estados Unidos (43%) e China (35%). O comparativo das matrizes pode ser visualizado na figura 1.

matriz de transportes - ILOS Insights Figura 1: Matriz de Transportes nos países (% de TKU). Fontes: ILOS (Brasil); National Bureau of Statistics of China, Bureau of Transportation Statistics (EUA), Eurostat (UE), North American Transportation Statistics (Canadá), Department of Infrastructure, Transport, Cities and Regional Development (Austrália), Statistics Bureau (Japão).

O modal rodoviário brasileiro é fundamental e deve também ser fomentado através de melhorias nas condições de rodovias, por exemplo. Porém, é importante que cada modal seja utilizado de acordo com a sua vocação, de forma a reduzir os custos logísticos para empresas embarcadoras e aumentar sua competitividade internacional. Se considerarmos os principais produtos exportados pelo Brasil (minério de ferro, soja, milho e açúcar), observamos grandes volumes e baixo valor agregado, o que traz a necessidade de uma logística muito eficiente. Nos últimos anos, a cabotagem de contêiner tem crescido dois dígitos ano a ano, “roubando” cargas das rodovias para aqueles trechos em que o transporte marítimo é mais eficiente. Outro ponto positivo, conforme citado no início deste post, é o compromisso do governo federal em trazer investimentos privados para a infraestrutura logística brasileira, que pode beneficiar outros modais, como o ferroviário, por exemplo. Escrevemos recentemente sobre esta política de concessões na logística, explicando o cronograma de leilões e os benefícios que o programa poderá trazer para o país.

Esperamos que, nos próximos anos, comecemos a vislumbrar uma redução nesta enorme dependência que possuímos do modal rodoviário e consigamos fomentar os diferentes modais de transporte para atender a embarcadores de maneira limpa, segura e eficiente.
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Atua há 7 anos em consultoria, com experiência em mais de 20 projetos de Planejamento da Demanda e S&OP, Design de Rede Logística, Plano Diretor Logístico, Políticas de Estoques, Estratégia de Operações e Inteligência de Mercado

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