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Juros e Recessão: inimigos do custo de estoques

Neste ano de 2015, a economia brasileira enfrenta grandes dificuldades. Segundo o Relatório de Mercado Focus, atravessaremos a maior recessão da história republicana, que superará 3 pontos percentuais negativos, e uma inflação de dois dígitos, mais que o dobro da meta de 4,5%.

Esta degradação do cenário macroeconômico, marcada pela queda do consumo e aceleração da inflação, faz com que os agentes do governo atuem ativamente na política monetária e fiscal para tentar reverter o quadro. Estas medidas governamentais, por sua vez, têm influência nas decisões de operações das empresas, por isso, é necessário compreendê-las para direcionar os caminhos das organizações.

Sem fazer juízo de valor da qualidade e assertividade das medidas do governo, para conduzir a inflação para a meta, o Banco Central do Brasil tem lançado mão de uma política monetária contracionista, aumentando a taxa básica de juros Selic.

Evolução da Taxa Selic nos últimos 5 anos - ILOS

Figura 1 – Evolução da Taxa Selic nos últimos 5 anos

Fonte: Banco Central do Brasil

 

Para além do impacto considerável nas decisões de investimento das empresas, por ser utilizada como referência para as operações de crédito no país, o aumento da Selic gera encarecimento do custo do capital imobilizado. Assim, a elevação dos juros tem um impacto perverso no caixa das empresas, pois incrementa consideravelmente os custos de oportunidade de ativos, sobretudo os custos relacionados à manutenção de estoques.

Os custos de estoque são divididos em vários grupos, dentro os quais podemos destacar: Custo da Falta, Custo da Perda de Produtos e Custo de Oportunidade, conforme esquema abaixo:

Figura 2 – Exemplos de custos de estoque - ILOS

Figura 2 – Exemplos de custos de estoque

Fonte: ILOS

 

Os movimentos de queda da demanda agregada e aumento da taxa de juros atingem diretamente o componente de custo de oportunidade dos estoques, que tem como seus fatores o valor em estoque e a taxa de oportunidade.

Pelo lado do volume em estoque, sabe-se que boa parte está associado às variabilidades da demanda e do suprimento. O desaquecimento da economia brasileira provocou uma inversão nas tendências da série de demanda, tornando-as mais irregulares e difíceis de prever, dado que o histórico não antevê o movimento de queda. Assim, mesmo buscando novos métodos extrapolativos, as empresas precisam lidar com o aumento do erro na previsão de vendas. Esta imprevisibilidade, materializada na diminuição da acurácia de previsão, é uma injeção direta nos estoques de segurança, que funcionam como proteção em relação às incertezas de demanda (e suprimentos).

Além disso, há um efeito duplamente negativo no giro de estoques: de um lado a imprevisibilidade faz com que os níveis de inventário subam, de outro, a contração de demanda faz com que a mesma quantidade de produtos demore mais tempo para ser consumida, ou seja, há um aumento da cobertura de estoques e uma consequente redução do giro de estoques, coração do negócio de muitas empresas. Em outras palavras, um estoque que demorava 10 dias para ser consumido, passará a ser consumido em 15 dias.

Considerando agora os impactos nas taxas de oportunidade, em 3 anos a taxa básica de juros praticamente dobrou, indo de 7,25% até 14,25%. Isso significa que, para um mesmo valor em estoque, hoje em dia, o custo de oportunidade associado seria duas vezes maior. Ter capital investido na forma de estoques, seja de matéria prima, seja de produto acabado, se torna mais custoso e, portanto, menos atrativo.

Influência da recessão econômica no custo de oportunidade dos estoques - ILOS

Figura 3 – Influência da recessão econômica no custo de oportunidade dos estoques

Fonte: ILOS

 

Conclusões

Mesmo com um cenário desfavorável para a manutenção de estoques, consequência da deterioração do ambiente de negócios, simplesmente tentar uma diminuição forçada dos níveis de estoques não é a melhor solução, uma vez que esta redução inconsequente levaria a um aumento da ruptura, gerando perda de vendas e aumento do custo de estoques via custo da falta. Assim, para cada par local-produto, há um nível de serviço ideal, baseado num ajuste fino que minimiza o custo total de estoques, somatório do custo do excesso e custo da falta.

Figura 4 – Nível de serviço ideal com relação ao custo do excesso e custo da falta-ILOS

Figura 4 – Nível de serviço ideal com relação ao custo do excesso e custo da falta

Fonte: ILOS

 

Por fim, a melhor forma de minimizar o custo total associado aos inventários é uma revisão não só da gestão dos estoques, mas também dos métodos estatísticos e processos de previsão de vendas. A melhora da acurácia de previsão atuará reduzindo as incertezas da demanda, enquanto a nova política de estoques buscará um alinhamento dos níveis de inventário para cada par local-produto, baseando-se no nível e serviço ótimo definido através do equilíbrio do custo unitário do excesso e da falta.

Deste modo, o redimensionamento dos níveis dos inventários garantiria uma redução dos níveis de estoques de produtos que estão em excesso e um aumento na quantidade provisionada dos produtos que apresentam chances de falta acima do desejado, levando sempre em consideração o nível de serviço ideal para minimizar o custo total de estoques.

 

Referências

<https://www3.bcb.gov.br/expectativas/publico/consulta/serieestatisticas>

<http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS>

<http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20151204.pdf >

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