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FATORES CRÍTICOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS MRP II

The main objective or this paper is to describe the ten most important critical success factors involved in implementing MRP II, providing a theoretical justification behind each factor examined. The understanding of these factors shall assist firms in implementing MRP and may enable them to further improve theis systems.

Keywords: Change Management; Crictical Sucess Factors; Implementation ; MRP II

INTRODUÇÃO

MRP II é uma filosofia de gerenciamento que engloba toda a organização, tornando mais eficientes e eficazes seus processos de manufatura e distribuição através da redução de estoques, do planejamento de suprimentos e da análise de demanda. Ao contrário do que diz o senso comum, o MRP II é bem mais que um simples pacote computacional, demandando envolvimento e compromisso de todos os membros da organização.

Durante a implementação de um sistema MRP II são enfrentadas algumas barreiras às mudanças que esta implementação proporciona. Isto pode determinar o sucesso ou o fracasso do novo sistema de gerenciamento. Neste trabalho trataremos do gerenciamento das mudanças e dos seus fatores críticos ao sucesso baseado em experiências verificadas em diversas empresas.

  1. FATORES CRÍTICOS NA IMPLEMENTAÇÃO DAS MUDANÇAS

A implementação de um sistema MRP II nem sempre é tarefa fácil envolvendo, em geral, uma curva de aprendizado de até 24 meses (Ang et al., 1995). A literatura aponta para uma taxa de sucesso (classe A de acordo com a classificação da consultoria norte-americana Oliver Wight) nas implementações de apenas 25 %. Neste estágio, a empresa está capacitada a executar simulações do tipo what if, com o sistema MRP proporcionando o um melhor entendimento das inter-relações de atividades como vendas, finanças, produção e suprimento.

Para que uma empresa atinja este nível, ela deve superar diversos fatores críticos os quais são uma composição de diversos aspectos técnicos e humanos, a saber:

  1. Apoio da alta gerência
  2. Definição clara de metas e objetivos
  3. Cooperação e comunicação interdepartamental
  4. Visibilidade da implementação
  5. Treinamento e educação
  6. Staff comprometido e motivado
  7. Conhecimento dos princípio de MRP II por parte do setor de vendas
  8. Adequação de hardware e software
  9. Acurácia e integridade dos dados
  10. Expertise em Tecnologia de Informação

1.1 Apoio da alta gerência

Deve estar comprometida a criação de um comitê diretor para implementação do sistema o qual deve indicar um líder para o projeto. Sua escolha deve levar em consideração os seguintes aspectos (Habeck et al., 1996):

  • Experiência em cargos de chefia de diversos departamentos da organização como Produção, Suprimentos e Vendas.
  • Elevada credibilidade em toda a organização.

Além da escolha do líder do projeto, a alta gerência também deve assumir as seguintes responsabilidades:

  • Convocar reuniões periódicas para avaliação da equipe de projeto.
  • Decisão para alocação de recursos financeiros de grande monta.
  • Estabelecimento de cronograma completo para estabelecimento do projeto.

1.2 Definição clara de metas e objetivos

As metas e objetivos a serem atingidos com a implementação do MRP II devem amplamente divulgadas por toda a organização. Isto evita que seja estabelecida uma visão distorcida do que este novo sistema representa, além de permitir uma melhor tomada de decisão quanto aos aspectos técnicos do sistema quanto a software e hardware.

1.3 Comunicação e coordenação interdepartamental

Fundamental para evitar os conflitos que surgem, sobretudo, da inexistência de canais de coordenação e comunicação entre os vários departamentos da organização, evitando que se dê o fluxo de informações necessárias à construção de dados extremamente relevantes ao sistema MRP II como previsão de vendas e planejamento da produção.

1.4 Visibilidade da implementação

Fornecer uma visão clara das mudanças que um sistema MRP II significa e divulgar todas as etapas de implementação aos membros da organização evita que ocorram surpresas e permite o aparecimento de uma discussão global acerca das mudanças.

1.5 Treinamento e educação

Segundo Corrêa, dois dos principais responsáveis pelas implementações de sucesso, o treinamento e a educação devem atingir “no mínimo 80% de todos os componentes da organização”(Habeck, 1996) pelo menos na fase inicial de implementação. Os envolvidos não só devem entender a parte do sistema com a qual vão ter contato, mas também a lógica global do sistema para que compreendam a importância de fatores como: entrada precisa de dados e atualização dos sistemas em tempo real.

Deve-se criar um ambiente de “reunião de negócios” onde existam agendas, objetivos e registro dos fatos, auxiliando na criação de times de trabalho auto-dirigidos. Simulações em sala são altamente recomendáveis para que os membros da organização possam ter um acesso mais direto ao sistema antes da sua efetiva implementação.

1.6 Staff comprometido e motivado

A motivação do Staff é crítica já que é o pessoal de Staff que corresponde aos principais usuários e alimentadores dos dados do dia a dia do sistema. É necessário criar um ambiente de comprometimento, dentro da organização, para a mudança. Para tanto, deve-se tomar algumas medidas como o incentivo para que os funcionários assumam riscos junto com a aceitação de eventuais problemas que isto possa significar. Além disso, é totalmente reprovável atitudes como o anúncio e a repressão a fracassos o que inibe a participação das pessoas no processo.

1.7 Conhecimento dos princípios de MRP II por parte do setor de vendas

O conhecimento, por parte do setor de vendas, de alguns princípios básicos do sistema MRP II eliminaria conflitos potenciais com o setor de produção da empresa. A origem e o conteúdo destes conflitos são descritos por Melo (1995) e dizem respeito a questões de planejamento e controle da produção no curto prazo.

Por outro lado, a previsão e o planejamento de vendas de uma empresa num sistema MRP II não é missão única do setor de vendas, devendo seus membros encarar com naturalidade a mudança do escopo de responsabilidades.

1.8 Adequação de hardware e software

Taylor (1995) aponta algumas das principais características quanto a hardware e software necessárias à implementação bem sucedida de um sistema MRP II.

  • Hardware: o sistema deve ser capaz de rodar tanto em sistemas de grande porte quanto em Pcs ligados diretamente ao banco de dados e MRP.
  • Software: deve permitir facilmente a execução das seguintes tarefas: transferência de dados, atualização e registro das listas de materiais, determinação das paradas para preparação e manutenção de máquinas, e sobretudo permitir a execução de cenários do tipo what-if, comparando diversos programas de produção com base na eficiência, níveis de estoque e serviço ao cliente.

1.9 Acurácia e integridade dos dados

Um sistema MRPII para ser efetivo necessita de uma base da dados acurada e atualizada (Corrêa, 1993). Começar a utilizar o MRPII antes de serem obtidos níveis de acurácia de dados da ordem de 95 %, no mínimo, com relação às estruturas de produtos, registros de estoque e lead-times corresponde a assumir um grande risco de desacreditar o sistema junto aos usuários. O esforço de se alcançar altos níveis de acurácia de dados pode demandar um longo e trabalhoso processo de mudanças de rotinas e procedimentos as quais podem passar pela implantação de regime de inventários cíclicos ou eliminação de hot-lists.

1.10 Expertise em Tecnologia de Informação

Existe a necessidade de uma pessoa com capacitação técnica suficiente para interferir na seleção do hardware e software necessários à implementação do sistema, evitando com isso , dispêndios exagerados na compra destes componentes.

  1. A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS-PILOTO

A utilização de projetos-piloto na implementação de um sistema MRP II é extremamente importante no sentido de que assim, pode-se percorrer a curva de aprendizado do sistema sem que ocorram problemas do tipo queda de eficiência e perda da confiança por parte dos membros da organização.

Habeck divide o projeto piloto em três etapas como podemos ver na tabela 1.

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A área escolhida como usuária do projeto piloto deve ser modelar para o resto da organização, sendo composta de alguns membros de alta respeitabilidade.

Os resultados de cada etapa da implementação devem ser divulgados e mesmo eventuais fracassos podem ser premiados conforme o nível de comprometimento demonstrado pelos profissionais envolvidos.

3.CONCLUSÃO

Neste artigo abrangemos dez fatores críticos mais comuns ao sucesso de implementação de sistemas MRP II, detalhando suas implicações técnicas e humanas sobre os diversos departamentos da organização. Muitas variáveis devem ser analisadas de forma integrada, nunca isoladamente, tais como: complexidade das estruturas e variabilidade dos lead-times envolvidos, o grau de centralização da tomada de decisões, etc (Côrrea, 1993).

Todo o cuidado deve ser dedicado ao processo de implantação de um sistema MRP II, sendo vários os casos de insucesso em função, basicamente, da falta de atenção suficiente a pontos como educação, treinamento, empenho organizacional e gerenciamento da implantação.

BIBLIOGRAFIA

Ang, James S. K. et al, “Critical Success Factors in Implementing MRP and Government Assistance: A Singapore Context”, Information Management, Vol. 29, 1995, pp.63-70.

Carr, David K.; Littman, Ian D., Excelência nos Serviços Públicos, Gestão da Qualidade Total na Década de 90, Rio de Janeiro, Qualitymark, 1990.

Corrêa, Henrique L.; Gianesi, Irineu G. N., Just in Time, MRP II e OPT – Um Enfoque Estratégico, São Paulo, Atlas, 1993.

Habeck, Milton et al., Restructuring Your Business to Maximize Your Profits and Satisfy Your Customers, Unbeaten Path International, 1996.

Melo, Denise A., “Discussão sobre a Problemática na Interface entre as Funções Marketing e Produção”, Produção, Vol.5, No.1, 1995, pp.79-90.

Taylor, Mac Exon, “Beyond MRP: The Development of a Modern Scheduling System”, Logistics Information Management, Vol.8, No.1, 1995, pp.17-23.

https://ilos.com.br

Doutor em Ciências em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e visiting scholar do Departamento de Marketing e Logística da Ohio State University. Possui os títulos de Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e de Engenheiro de Produção pela Escola de Engenharia da mesma universidade. Professor Adjunto do Instituto COPPEAD de Administração da UFRJ, coordenador do Centro de Estudos em Logística. Atua em atividades de ensino, pesquisa, e consultoria nas áreas de localização de instalações, simulação de sistemas logísticos e de transportes, previsão e planejamento de demanda, gestão de estoques em cadeias de suprimento, análise de eficiência de unidades de negócio e estratégia logística. Possui mais de 60 artigos publicados em congressos, revistas e periódicos nacionais e internacionais, tais como o International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, International Journal of Operations & Production Management, International Journal of Production Economics, Transportation Research Part E, International Journal of Simulation & Process Modelling, Innovative Marketing e Brazilian Administration Review. É um dos organizadores dos livros “Logística Empresarial – A Perspectiva Brasileira”, “Previsão de Vendas - Processos Organizacionais & Métodos Quantitativos”, “Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento do Fluxo de Produtos e dos Recursos”, “Introdução ao Planejamento de Redes Logísticas: Aplicações em AIMMS” e “Introdução ao Planejamento da Infraestrutura e Operações Portuárias: Aplicações de Pesquisa Operacional”. É também autor do livro “Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimento – Decisões e Modelos Quantitativos”.

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