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Eficiência e sustentabilidade andam juntas na logística


A logística é uma atividade que possui elevados índices de poluição, principalmente devido às atividades relacionadas à transportes. A preocupação com sustentabilidade é crescente e os impactos da ação humana são cada vez mais notórios. Por isso, um dos principais desafios da logística é a adoção de práticas mais sustentáveis na cadeia de suprimentos, de modo que estas não sobreponham os interesses econômicos e operacionais. Para atingir este equilíbrio, é elementar o investimento em eficiência ao longo da Supply Chain.

É evidente o crescente interesse na incorporação de soluções sustentáveis em todas as áreas das principais empresas no mundo e é um ponto de atenção necessário para qualquer organização bem-sucedida.

As emissões de carbono são o principal parâmetro de quantificação da mudança climática e do desenvolvimento sustentável, mas muitas empresas ainda encontram dificuldades para mensurar as emissões de carbono, especialmente na cadeia de suprimentos.

A pesquisa realizada pelo MIT CTL (MIT Center for Transportation and Logistics) intitulada State Of Supply Chain Sustainability 2021 (O estado da sustentabilidade na cadeia de suprimentos 2021 – em tradução livre), que contou com participação de 2.400 empresas ao redor do mundo, indica que 59% delas investem ativamente em sustentabilidade na cadeia logística.

Dentre as práticas mais comuns citadas nessa pesquisa estão: requerimentos e verificações de códigos de conduta da empresa e do fornecedor, certificações de que a empresa atende padrões de sustentabilidade, exercícios de mapeamento da cadeia de suprimentos, melhorias na visibilidade e rastreabilidade, benchmarking de fornecedores com critérios atrelados à sustentabilidade. As empresas também estão focadas em exigir e verificar práticas de fornecedores e estabelecer relações colaborativas para adotar e manter práticas mais sustentáveis através de treinamentos.

O estudo ainda indica que o setor de transportes é o principal envolvido na utilização de práticas de redução de impacto ambiental, justamente uma das atividades logísticas que mais afetam de forma negativa o ambiente. Os veículos utilizados para transporte de cargas consomem combustível fóssil e, consequentemente, emitem gases que contribuem para o aumento do efeito estufa.

Segundo estudo da International Transport Forum (ITF) realizado em 2019, espera-se que a demanda por transporte de carga triplique nos próximos anos e, se o envio de mercadorias continuar no mesmo ritmo de hoje, as emissões de carbono devido ao transporte serão responsáveis pela maior representatividade dos setores emissores, ultrapassando o setor energético e dobrando as emissões até 2050.

Para aproveitar os veículos com maior eficiência, pode-se utilizar de malhas com rotas mais curtas e rápidas, com aumento da ocupação do veículo e com a redução do número de viagens realizadas. Isso diminui os custos da empresa com combustível e com frete, reduz a depreciação dos veículos e garante menor emissão de gases poluentes. Outros cuidados essenciais são a utilização de catalisadores mais sustentáveis nos escapamentos veiculares, para filtrar a emissão de gases; a utilização de veículos elétricos no perímetro urbano e uso de bicicletas para entregas last-mile. Além disso, a aplicação do rastreamento no transporte pode ser uma prática que favoreça a sustentabilidade.

O Chefe de Sustentabilidade da empresa Brambles Limited na América do Norte, Jim Hartzfeld, afirma que “o rastreamento em tempo quase-real do transporte de bens e ativos em cadeias de suprimentos aumenta a visibilidade do produto, o controle de estoque, a eficiência do transporte e a produtividade dos ativos, criando mais valor econômico e ambiental”.

A manutenção preventiva dos veículos e a renovação da frota são alternativas que também determinam o aumento de eficiência e sustentabilidade. Segundo estudo do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a idade média da frota de caminhões no Brasil era de 11 anos e 11 meses, em 2021. Com o aumento da idade dos veículos, atrelado ao malcuidado dos mesmos, além da maior probabilidade de problemas mecânicos ocorrerem, há o aumento dos índices de poluição. Ou seja, o cuidado para renovação da frota lida diretamente com a sustentabilidade social ­- prevenindo acidentes de trânsito – e com a sustentabilidade ambiental.

Outra ação que visa eficiência e sustentabilidade é a logística reversa, que realiza o retorno de embalagens, produtos e resíduos ao fabricante, para que sejam encaminhados ao destino correto, que podem ser a reciclagem, o reuso, ou o descarte ambientalmente adequado. Essa prática é alinhada com o conceito de economia circular, substituindo o fluxo linear desde a produção até o descarte por um fluxo cíclico, como ilustra a Figura 1.

Figura 1: O processo cíclico que envolve a Logística Reversa. Adaptado de ILOG (Instituto de Logística Reversa).

 

Dados da a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que em 2019, 76% das empresas brasileiras já tinham desenvolvido iniciativas de economia circular.

A logística reversa pode ser de pós-venda, pós-consumo ou de reuso. A de pós venda está relacionada com as expectativas do cliente: produtos defeituosos, enviados incorretamente, ou em casos de arrependimento da compra. A mercadoria é recolhida pela empresa e pode ser colocada à venda novamente. No pós-consumo ocorre o retorno de embalagens para o fabricante. No reuso há a coleta de materiais e resíduos.

Muitas são as vantagens da utilização da logística reversa para melhorar a eficiência de uma empresa. Além da utilização de frete de veículos que retornariam vazios, é possível apontar a redução de custos na reutilização de embalagens retornáveis ou reaproveitamento de materiais.

Quanto aos varejistas, uma logística reversa bem desenvolvida é vista como um serviço diferenciado quando garante o retorno de produtos defeituosos ou enviados incorretamente no caso da pós-venda; ou cujo tempo de vida útil tenha se encerrado, no caso do reuso. Com investimento em campanhas de conscientização para o consumidor e políticas transparentes de devolução e troca, maiores as chances de se fidelizar o cliente.

Há ainda a propensão de que os governos pressionem legalmente as empresas a se tornarem mais responsáveis por todo o ciclo de vida dos produtos desde a produção, até o destino final, pós-consumo, como já é o caso do ramo de agrotóxicos, pneus, eletroeletrônicos, lâmpadas e embalagens de modo geral.

Em síntese, considerando o conjunto de exemplos apresentados, dentre os inúmeros procedimentos que garantem uma melhor eficiência operacional e a sustentabilidade da cadeia de suprimentos, destacam-se a otimização da malha logística e roteirização do transporte, a modernização da frota e implementação da logística reversa.

Todos os pontos elencados colidem com os interesses financeiros imediatos de muitas empresas. É comum a crença de que para uma empresa se tornar mais sustentável implica em aumento das despesas. Mas vale ressaltar que esses investimentos representam redução de gastos operacionais a médio ou longo prazo, aumentando a margem de lucro, impulsionando a fidelização de clientes e até mesmo uma maneira de se evitar multas ou embargos.

Ademais, a adoção de práticas sustentáveis, além dos ganhos socioambientais e em eficácia, também permite uma percepção mais favorável da empresa por parte de órgãos internacionais, mídia, consumidores finais, acionistas, associações trabalhistas e comunidades locais, o que demonstra um potencial estratégico para a adoção de tais medidas.

Para conhecer mais sobre eficiência e produtividade no contexto de grandes exigências atuais, inteligência em operações, transporte e armazenagem; inovação, tecnologia e demais discussões relativas à logística, participe do 28º Fórum Internacional Supply Chain. O evento ocorrerá de 18 a 20 de outubro de 2022 de forma híbrida (presencialmente em São Paulo, e também com transmissão online).

 

Referências:

– REENE, Suzanne. How much carbon dioxide is actually in your products? Disponível em: https://medium.com/mitsupplychain/how-much-carbon-dioxide-is-actually-in-your-products-b3677fd781f9. Acesso em 08.07.2022.

How to Make CO2 a KPI for Freight Transportation. Disponivel em: https://medium.com/mitsupplychain/how-to-make-co2-a-kpi-for-freight-transportation-ccc3c280b1c4. Acesso em 08.07.2022.

– ILOG. Instituto de Logística Reversa. O que é Logística Reversa? Disponível em: https://ilogpr.com.br/instituto/. Acesso em 08.07.2022.

– MIT Center for Transportation & Logistics. State of Supply Chain Sustainability 2021. Disponível em: https://sscs.mit.edu/. Acesso em 08.07.2022.

– MIT Center for Transportation & Logistics. Supply Chain Carbon Emissions. Disponível em: https://sustainable.mit.edu/supply-chain-carbon-emissions/. Acesso em 08.07.2022.

– PERELMUTER, Guy. O Paradoxo da Tecnologia. In: Estadão, Caderno Economia & Negócios. Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,guy-perelmuter-paradoxo-da-tecnologia,70004110743. Acesso em 08.07.2022.

– ROGERS, D. S. & TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reno: Universidade de Nevada, 1998.

– TOTVS. Logística Reversa: O que é, qual a importância e como aplicar. Disponível em: https://elevesuasvendas.com.br/blog/vendas/logistica-reversa. Acesso em 08.07.2022.

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