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Distribuição Cinematográfica: Como um filme chega a um cinema perto de você

A logística e a sétima arte – Trilogia / Parte 1

No próximo domingo, dia 28, ocorrerá a mais famosa cerimônia de premiação de produções cinematográficas, o Oscar. Você provavelmente conhece um pouco do processo de produção e pós-produção de um filme, que pode custar centenas de milhões de dólares. Porém, os filmes só existem para serem assistidos e para que isso aconteça, as imagens devem chegar de algum modo às pessoas que queiram vê-lo, seja na telona do cinema ou em suas TVs, sentadas no conforto do sofá de suas salas. Enquanto não tivermos o tele transporte como o da Enterprise, é a logística que cumpre esse papel fundamental.

Os estúdios, responsáveis por toda a produção, devem mandar o filme pronto à distribuidora, que irá divulgar, comercializar e distribuir o longa para cinemas do mundo todo. Após o término da produção, são feitas as cópias de projeção, que podem ser os tradicionais filmes de 35 mm, bem raros hoje em dia (mas que ainda foi usado para distribuir filmes como Interestelar), ou versões digitais, que são cada vez mais comuns no cinema moderno.

A distribuição em filme tradicional costuma ser um processo difícil e relativamente caro. Em uma produção de larga escala (com média de duas horas de duração), o custo de cada cópia pode chegar a U$ 2.000 e este valor é ainda maior quando colocadas as legendas para exibição em outros idiomas. Os rolos armazenam cerca de 20 minutos de projeção, o que significa que longas-metragens podem ter de 5 a 10 tiras de película. O peso total do filme e a fragilidade do papel também dificultam e encarecem a distribuição.

Senhor dos Anéis

Figura 1 – Os 558 minutos e vários rolos da trilogia O Senhor dos Anéis (2001 -2003) deram muito trabalho às transportadoras

Fonte: New Line Cinema

 

A partir do fim do século XX, começou a transição para a projeção digital. A produção de uma cópia nesse formato, que consiste em um HDD contendo o filme, é quase 50 vezes mais barata que as cópias fílmicas, fazendo com que o transporte e a armazenagem também se tornem muito mais baratos, graças principalmente às reduções de volume e peso. Além disso, os discos rígidos podem ser reutilizados para outros filmes.

Essa economia obviamente foi muito sedutora às grandes distribuidoras e às transportadoras do ramo, mas muitos cinemas se recusavam a instalar equipamentos de projeção digital pelo seu alto custo. Para distribuir a economia gerada pelo novo modelo, foi criada uma taxa que é paga semanalmente pelas distribuidoras às redes de cinema para exibição em formato digital. É uma análise interessante de como funciona uma cadeia de suprimentos bem integrada, com as novas tecnologias sendo benéficas a todos os elos.

Isso não significa que o processo em si ficou simples. O volume transportado e armazenado ainda é bastante grande, principalmente para grandes produções. Há ainda a questão da confidencialidade do material, pois um vazamento do conteúdo pode causar grandes perdas na venda de ingressos por conta da pirataria. Em apresentações para imprensa e outras exibições antes do lançamento, o transportador da película chega a ficar parado em um único cinema esperando a projeção acabar para levar o filme de volta, de forma minimizar o risco de roubo do material, um procedimento conhecido como “wait and watch” feito por operadores logísticos especializados na área.

pallets

Figura 2 – Nada ilustra melhor a logística do cinema que um pallet com filmes

Fonte: National Film Transport

 

Por esse mesmo motivo, e pelo já mencionado reaproveitamento dos HDDs, após as exibições nos cinemas, é realizada uma operação reversa de devolução do filme às distribuidoras após a janela de exibição nos cinemas. A figura abaixo mostra um esquema simplificado da operação de distribuição da cadeia cinematográfica:

cadeia cinematografica

Figura 3 – Esquema da cadeia logística cinematográfica

Fonte: ILOS

 

Apesar dessas inovações, algumas questões de marketing causaram mudanças no processo de distribuição dos filmes ao longo das décadas e também recentemente. Os cineastas e grandes estúdios têm uma pressão cada vez maior para levar seus filmes a mais mercados e em um tempo menor. Na segunda parte desta trilogia, discutiremos alguns dos desafios que o mercado apresenta à distribuição cinematográfica.

 

Referências

<http://entertainment.howstuffworks.com/movie-distribution.htm>

<https://stephenfollows.com/how-much-does-it-cost-to-release-a-film/>

<http://www.nftlogistics.co.uk/?t=WaitAndWatch>

<http://www.telegraph.co.uk/culture/culturevideo/filmvideo/11206259/Interstellar-on-an-Imax-projector-how-it-works.html>

Atua há 5 anos em projetos de consultoria em Logística e Supply Chain, possui experiências em empresas dos setores de bens de consumo, varejo e de alimentos e bebidas. Tipos de projetos já realizados: Sales & Operations Planning, Gestão de Estoques, Planejamento de Redes, Revisão de processos comerciais, Indicadores de logística e Gestão de transportes

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