A Amazon anunciou, na sexta-feira 16 de junho, que adquiriu a Whole Foods, tradicional varejo físico nos Estados Unidos. A transação no valor de 13,7 bilhões de dólares mexeu com o setor de varejo físico imediatamente, causando a queda de cerca de 6% nas ações das principais cadeias de supermercados do país.
Este movimento imprevisto poderá acirrar ainda mais a competição no “mar vermelho” no setor de varejo físico. A entrada da Amazon, conhecida por sua cultura de baixos custos, deverá trazer os preços dos produtos a níveis cada vez mais reduzidos, competindo diretamente com a política de “preço baixo todo dia” imposto pelo Walmart. As duas empresas são conhecidas por operar com margens reduzidas – de acordo com o Yahoo Finance, a margem operacional da Amazon é de 2,89% enquanto que do Walmart é de 4,36%. Com este acirramento da competição, as pequenas cadeias irão sofrer ainda mais para tentarem manter-se competitivas neste cenário.
Apesar da inesperada aquisição, este não foi o primeiro movimento da Amazon em direção ao varejo físico. Como citei no artigo Seu cargo existirá daqui a dez anos? Pense de novo, a Amazon Go é um projeto já em execução nos Estados Unidos, que utiliza de tecnologia para substituir os caixas automáticos de lojas físicas por sensores, dispensando, desta forma, a necessidade de pessoas para fazer a cobrança das compras. A Amazon poderia, portanto, aplicar esta e outras tecnologias na cadeia da Whole Foods, tornando a operação das lojas físicas menos custosas. Outro ponto de sinergia importante é o vasto know-how logístico que a Amazon possui, o que certamente aumentará a eficiência da operação logística da Whole Foods. Outro ponto importante é a capilaridade que as centenas de lojas físicas da Whole Foods possuem, o que daria à Amazon a possibilidade de melhorar ainda mais seu nível de serviço das compras online.
A competição entre Amazon e Walmart não ocorrerá somente no campo das lojas físicas, com a entrada da gigante do e-commerce no setor. No ano passado, o Walmart comprou por 3 bilhões de dólares a Jet.com, demonstrando sua intenção de competir também no varejo digital. Parece que este embate entre Amazon e Walmart está apenas começando. A disputa entre as duas empresas será assunto constante no meio corporativo.
Referências:
http://edition.cnn.com/2017/06/17/opinions/amazons-waterloo-spicer/index.html
https://www.reuters.com/article/us-whole-foods-m-a-amazon-com-walmart-idUSKBN1990HH