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A proliferação de armazéns e a guerra por espaço


O mundo do varejo se transformou radicalmente, com o crescimento vertiginoso do e-commerce, competitividade elevada e maiores exigências de prazo e nível de serviço. Acompanhando esse aumento, a necessidade de áreas de armazenagem de produtos vem crescendo ano a ano, trazendo novas complexidades para o planejamento das operações.

Segundo dados publicados na Forbes, a demanda por novas áreas de armazenagem chega a cerca de 25 milhões de metros quadrados por ano, números que são corroborados pela The Economist (com dados da JLL), que também aponta um número recorde similar para a Europa. Consequentemente, os níveis de vacância de depósitos nas principais economias do mundo vêm atingindo seus níveis mais baixos (cerca de 4% nos EUA, de acordo também com a JLL). No Brasil, uma situação similar começa a se desenhar. Depois de anos de crises econômicas que geraram ociosidade nos depósitos, a sobra de espaço está desaparecendo, com um índice em 2021 de 13% de vacância no Rio de Janeiro (a menor desde 2015) e 11,35% em SP, segundo a Cushman & Wakefield, com o crescimento da demanda sendo puxado pelas mudanças de consumo causadas pela pandemia.

Esta proliferação de novos armazéns tem causado problemas à medida em que novos empreendimentos são construídos e tomando espaço em áreas com outros perfis econômicos, como áreas turísticas, resorts, e regiões industriais. Em um outro artigo da The Economist, “What happens when Amazon comes to town”, é mostrado que nem sempre a chegada de novos players do setor tem sido benéfica para as comunidades locais, citando, por exemplo, questões trabalhistas como algumas das consequências negativas.

demanda por área de armazenagem - JLL - ILOS Insights

Figura 1: Dados da JLL (série de 2000 a 2020) apontam demanda recorde para novas áreas de armazenagem nos EUA, Ásia-Pacífico e Europa. Fonte: The Economist

Alguns fatores que diferenciam as operações de hoje exacerbam o problema da luta por espaço. As pressões por menores tempos de entrega forçam as empresas que trabalham no varejo digital a instalar suas operações em regiões próximas a grandes centros de demanda, minimizando a área real disponível que de fato se mostra competitiva. Gera-se, com isso, uma descentralização que pressiona os níveis de estoque, também mais elevados por uma maior importância dada atualmente à disponibilidade de produtos. Por conta desses aspectos, o e-commerce demanda cerca do triplo do espaço de armazenamento em relação ao varejo tradicional. Em países ainda em desenvolvimento, gargalos na infraestrutura rodoviária também vão sendo piorados com o maior fluxo concentrado de veículos.

É difícil imaginar que essas tendências se reduzirão no futuro, com os consumidores cada vez mais adeptos dessas modalidades de compra e mais exigentes com nível de serviço. Cabe aos gestores logísticos conhecer esses desafios e encontrar novas saídas. O planejamento de novas instalações pode ter que considerar essa demanda acirrada e garantir espaços maiores no curto prazo, mesmo que isso signifique um maior nível de ociosidade. Reformular outros espaços já existentes também pode ser uma solução. Empresas de varejo físico, como Best Buy e Target têm transformado até metade das áreas de suas grandes lojas em verdadeiros armazéns urbanos, incentivando a utilização deles com modalidades como o curbside pick-up, em que o consumidor recebe o produto em seu carro na rua em frente à loja.

área de armazenagem - Kelly Martin-Wikimedia - ILOS Insights

Figura 2: Loja de redes como a Target têm sido transformadas em armazéns para atendimento de operações digitais. Fonte: Wikimedia – Kelly Martin sob licença Creative Commons — Attribution-ShareAlike 3.0 Unported — CC BY-SA 3.0

Torna-se mais crítica também a otimização do espaço de centros existentes, com soluções como verticalização, utilização de mezaninos, estruturas que permitam maior adensamento de produtos, além da redução do nível total de estoques. Na luta ferrenha do varejo digital, é preciso pensar estrategicamente para encontrar o seu espaço.

Referências:

SONENREICH, Aviva. The Rise Of Warehousing: A Steam Train With No End In Sight. Forbes. 17 de fev. de 2021

Developers struggle to meet demand for e-commerce storage. The Economist. 29 de jun. de 2021. – Acesso em 27/05/2022

CNBC.Why Warehouses Are Taking Over The U.S. Youtube, 29 de nov. de 2021. – Acesso em 27/05/2022.

Mercado de galpões do Rio fecha 2021 com novas entregas e menor taxa de vacância desde 2015. O GLOBO. 10/01/2022. – Acesso em 01/06/2022.

What happens when Amazon comes to town. The Economist. 26 de mar. de 2022. – Acesso em 27/05/2022.

Covid-19 special report #6: accelerated retail evolution could bolster demand for well-located logistics space. Prologis. 17 de jun. de 2020. – Acesso em 27/05/2022.

NLEBEM, Anthony. Jumia takes e-commerce to rural areas amid infrastructure deficit. Business Day. 15 de set. de 2021. – Acesso em 27/05/2022.

LOEB, Walter. Retailers Look To Expand Warehouse Capacity, With Some Converting Store Space.Forbes. 4 de abr. de 2022. – Acesso em 27/05/2022.

ARNDT, Andrei. Curbside Pickup: aprenda o que é e como aplicar na sua rede de franquias. Central do Franqueado. 11 de abr. de 2022. – Acesso em 27/05/2022.

Atua há 5 anos em projetos de consultoria em Logística e Supply Chain, possui experiências em empresas dos setores de bens de consumo, varejo e de alimentos e bebidas. Tipos de projetos já realizados: Sales & Operations Planning, Gestão de Estoques, Planejamento de Redes, Revisão de processos comerciais, Indicadores de logística e Gestão de transportes

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