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A nova tendência de armazéns da Amazon

No ano passado, escrevi como algumas empresas estavam usando Centros de Destruição Urbanos (CDUs) como uma alternativa para reduzir os tempos de entrega do e-commerce para os clientes. Seguindo a sua veia pioneira, a Amazon foi uma das primeiras empresas a adotar esta estratégia, abrindo pequenos CDs em grandes centros urbanos, como Manhattan (Noya York).

Reforçando esta tendência, a Amazon foi notícia novamente na semana passada por confirmar o aluguel de um novo armazém de três andares no sul de Seattle. Embora esse tipo de instalação já seja usada na Ásia e na Europa, o CD de Seattle é o primeiro de múltiplos andares e acesso por rampas pelos caminhões a abrir nos Estados Unidos. Sob um acordo com a Prologis, desenvolvera e proprietária da instalação, a Amazon ocupará cerca de 50.000 m² da instalação, enquanto a Home Depot ocupará pouco menos de 10.000 m².

Neste ano, a Amazon anunciou que iria reduzir para apenas 1 dia o tempo de entrega padrão para os clientes assinantes do seu plano Prime nos Estados Unidos, além da possibilidade de entrega em até 2 horas de uma extensa lista de itens para os assinantes de grandes centros. Para isso ser possível, a empresa foi atrás de Centros de Distribuição pertos dos grandes conglomerados urbanos, como é o caso desta nova instalação em Seattle.

Com pelo menos três armazéns de vários andares planejados para a cidade de Nova York, o design pode ganhar força à medida que as empresas tentam equilibrar os custos imobiliários com a proximidade dos clientes. Este parece ser um passo em direção a um novo modelo para os centros de distribuição nos EUA, que podem reduzir o tempo de entrega nas cidades congestionadas.

Encontrar espaços apropriados para a instalação de Centros de Distribuição em grandes centros urbanos é cada vez mais difícil. Assim, além desta nova alternativa de utilização de armazéns de múltiplos andares, a Amazon também está investindo em Centros de Distribuição construídos em áreas ocupadas anteriormente por shopping centers. No estado de Ohio, por exemplo, a empresa tem o projeto de instalação de CDs nos locais onde antes estavam os shoppings Randall Park Mall e Euclid Ssquare Mall.

Os shopping centers estão em franca decadência nos Estados Unidos. Segundo um relatório recente do banco Credit Suisse, de a 20% a 25% dos shoppings americanos devem fechar no espaço de 5 anos. Se confirmado, isso significaria o fechamento de 240 a 300 dos cerca de 1.200 shoppings existentes hoje no país. Um dos principais motivos para este movimento é justamente a concorrência do mercado eletrônico, cada vez mais vantajoso em preço, agilidade e oferta de produtos.

Diante de tantos estabelecimentos fechados nos últimos anos, algumas empresas têm investido nesses espaços para a instalação de CDs. A CBRE, consultoria internacional na área de locação e gestão de imóveis, contabilizou cerca 24 projetos de transformação de espaços antes destinado ao varejo em instalações industriais no período de 2016 à 2019, o que significa a transformação de mais de setecentos mil m² de espaço de varejo em mais de um milhão de m² de espaço industrial.

Figura 1 – Cidades dos Estados Unidos com projetos de transformação de locais de varejo em locais industriais desde 2016

Fonte: CBRE Research, CBRE Econometric Advisors, CBRE Business Analyst (ESRI), 2019

 

Dentre os principais motivos para o aproveitamento destes espaços ociosos para esse fim, pode-se listar:

  • Tratam-se de locais com muito espaço disponível, em dimensões compatíveis com o que é necessário pelas grandes empresas de e-commerce para a instalação de centros de distribuição;
  • Os shoppings em geral estão localizados perto de grandes conglomerados urbanos, que são o foco do aumento de nível de serviço buscado pelo varejo virtual recentemente;
  • Proximidade das instalações a grandes vias de acesso da cidade e disponibilidade de linhas de transporte público próximas, o que facilita a chegada dos funcionários;
  • Infraestrutura de água, esgoto e gás já pronta.

Restrições de circulação de veículos pesados e de zoneamento urbano e o custo mais alto destes terrenos localizados dentro das grandes cidades podem ser uma dificuldade inicial para esta transformação de espaço de varejo em espaço industrial. Contudo, o maior crescimento do e-commerce em comparação ao varejo físico tende a fazer com que este movimento se perpetue.

Estas são algumas iniciativas que vem sendo adotadas pelas empresas de varejo para atacar o desafio do last mile. Esse e outros assuntos serão discutidos na track temática “Execução de Estratégias de Omnichannel”, dentro do XXV Fórum Internacional Supply Chain, a ser realizado entre os dias 23 e 25 de setembro de 2019 em São Paulo. O head de transportes da Amazon no Brasil, Marcio Neves, participará inclusive da mesa redonda “Os Desafios dos Novos Modelos de Distribuição e os Impactos do Omnichannel e dos MarketPlaces para o Last Mile”, juntamente com outros profissionais especialistas no assunto. Se este também é um desafio para a sua empresa, vale a pena conferir o que as outras companhias estão fazendo no Brasil e no mundo para tornar a sua operação mais eficiente e melhorar o nível de serviço oferecido para o cliente.

 

Referências

<https://www.wsj.com/articles/amazons-new-multistory-warehouse-aims-to-cut-delivery-times-11568113201?mod=djemlogistics_h>

<https://www.seattletimes.com/business/amazon/amazon-leases-new-multi-story-warehouse-in-south-seattle-first-of-its-kind-in-u-s/>

<https://exame.abril.com.br/economia/um-quarto-dos-shoppings-americanos-fechara-ate-2022-preve-banco/>

<https://www.cbre.us/research-and-reports/trading-places-retail-properties-converted-to-industrial-use>

Mais de 11 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Em consultoria, realizou projetos como Plano Transformacional de Logística, Diagnóstico das operações logísticas, Estratégia e Calendarização da Operação de Transporte, Mensuração do Custo de Servir, Estudo de Mercado, Mapeamento de Oportunidades de Redução de Inventário, Revisão do Processo de S&OP, Plano de Capacitação e Implementação de Processos Comerciais em empresas como Nestlé, Raia Drogasil, Ipiranga, Lojas Americanas, B2W, Coca-Cola, Andina, Embraco, Martins Atacado, Loja do Mecânico, Santo Antônio Energia, Ecoporto e Silimed. Atualmente é uma das professores do Curso de Gestão de Estoques ministrado semestralmente pelo ILOS. Atuou no desenvolvimento e gerenciamento dos Cursos Online de Logística e Supply Chain, Processos de Suprimentos, Planejamento da Demanda, Gestão de Estoques e Gestão Industrial. Ainda na área de capacitação, foi responsável por aplicar os jogos empresariais do ILOS em empresas como Raia Drogasil, Fibria, NEC, Novartis e Moove.

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