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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO SUPPLY CHAIN

A discussão acerca da sustentabilidade ambiental do planeta está na agenda de governantes e executivos em todo o mundo. Aquecimento global, acidentes ambientais, doenças causadas pela poluição e descontrole do descarte de resíduos estão entre os temas debatidos.
O desenvolvimento econômico, se realizado de forma descontrolada, pode afetar ainda mais o meio ambiente, causando danos irreversíveis e de grandes proporções. No Brasil, devido às fortes perspectivas de crescimento econômico, a preocupação é grande, visto que o país é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa na atmosfera.
Governo, empresas e sociedade têm papéis primordiais no direcionamento de ações que levarão o país a ser menos agressivo ao ambiente.

As grandes indústrias brasileiras já têm agido, mesmo que de forma incipiente, para melhorar os impactos ambientais de seus negócios. Ao mesmo tempo, o Governo também tem estado mais ativo no seu papel de regulador, assim como a sociedade está mais exigente quanto às questões relacionadas ao meio ambiente.

Pesquisa realizada pelo Instituto ILOS1 mostra que mais da metade das grandes empresas do país já sente um aumento da pressão do Governo, exigindo que elas sejam mais sustentáveis (ver Figura 1). As companhias também sentem o aumento das exigências por parte dos clientes, que já começam a priorizar empresas ecologicamente corretas ao escolherem os produtos a serem comprados (ver Figura 2).

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Neste contexto de aumento da preocupação com as questões ambientais, incluem-se também as novas exigências relacionadas às atividades logísticas. Cada vez mais necessárias para suportar o crescimento do país, as funções logísticas – como o transporte, armazenagem e gestão de retorno de produtos, entre várias outras – estão entre as que podem fazer a diferença na redução dos impactos ambientais causados pelo desenvolvimento econômico do país.

A pesquisa realizada pelo ILOS mostra que, nas grandes indústrias atuantes no Brasil, a área de logística figura como uma das que mais atuam nas decisões relacionadas à sustentabilidade ambiental da companhia. Registrou se que 76% das empresas de grande porte envolvem a área de Logística e Supply Chain em ações que buscam reduzir os impactos ambientais da organização.

Esta área só não é tão envolvida nas questões relacionadas ao meio ambiente quanto o departamento de Compras/Suprimentos e a área de Produção (ver Figura 3).

Novamente, tanto o Governo quanto as empresas e a sociedade devem buscar agir para que as melhorias ambientais no supply chain sejam realmente alcançadas (ver Figura 4).

Dentre as ações governamentais que podem impactar diretamente na redução de emissões nas atividades logísticas podese citar: a disponibilização de infraestrutura que viabilize transportes menos poluentes; o aprimoramento da legislação ambiental relacionada a combustíveis, motores e retorno de resíduos; a concessão de incentivos e financiamentos que fomentem ações favoráveis ao meio ambiente nas atividades logísticas, como o incentivo à renovação de frota (Figura 5).

Já o papel da sociedade na redução de emissões nas atividades logísticas é o de exigir ações efetivas, tanto do Governo quanto das empresas, priorizando o consumo de produtos e embalagens menos agressivos ao ambiente e auxiliando no descarte seletivo do lixo gerado (Figura 6).

Por sua vez, as empresas têm em mãos inúmeras oportunidades de redução de emissões causadas pelas atividades logísticas que administram.

Muitas dessas ações podem, inclusive, trazer benefícios que vão além da questão ambiental.
Para que as companhias possam conduzir um processo de mudança que culmine na redução de emissões no supply chain, elas necessitam: implantar ações diretas que reduzam emissões nas suas atividades logísticas; organizar-se internamente para gerar envolvimento e comprometimento da equipe; e alterar a forma de relacionamento com terceiros, tanto prestadores de serviço quanto outros elos da cadeia de suprimentos (Figura 7).

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Dentre as ações das empresas que influenciam diretamente nas atividades logísticas, podendo reduzir seus impactos ambientais, destacam-se dois grupos: aquelas que envolvem melhoria na gestão das atividades e aquelas que envolvem investimento em ativos.

Como exemplo de ações diretas que reduzem emissões e que envolvem melhorias de gestão das atividades logísticas pode-se citar o replanejamento de rotas, aumento da consolidação de carga e aproveitamento do espaço nos veículos, que são ações que buscam a otimização da atividade de transporte.

De forma geral, estas ações que alteram a forma como é feito o planejamento e gerenciamento de atividades trazem como benefício a redução do consumo de combustíveis, diminuindo a emissão de gases nocivos na atmosfera e também reduzindo os custos das empresas.

Vale notar que estas ações são, há tempos, atividades típicas dos responsáveis pela área de Logística nas companhias. A novidade é a forma de enxergar os benefícios que estas ações proporcionam. Estes benefícios, que anteriormente englobavam exclusivamente redução de custos ou melhoria dos níveis de serviço, agora passam também a considerar a redução de emissões, o que torna as ações ainda mais relevantes para as organizações.

Assim como as melhorias na gestão das atividades, as empresas também podem alcançar redução de emissões destinando investimentos em novas instalações e equipamentos menos agressivos ao meio ambiente.

Dentre os ativos que podem fazer a diferença para o meio ambiente destacam-se os caminhões com motores menos poluentes, empilhadeiras de menor emissão, além de centros de distribuição/fábricas/ instalações construídas dentro de padrões ambientalmente corretos, sendo planejados para reduzir consumo de água, energia e utilizar materiais e técnicas de construção mais adequados ao meio ambiente.

Estas soluções, que envolvem investimentos financeiros das empresas, assim como as soluções que envolvem melhoria de gestão de atividades logísticas, também podem trazer benefícios econômicos para as companhias que os implantam.
Esses ganhos, em geral, são alcançados em mais longo prazo, e podem ser medidos principalmente pela economia de energia e redução do consumo de combustíveis nas atividades.

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Buscando estruturar-se para esse novo desafio, muitas companhias criaram internamente unidades organizacionais responsáveis pelas ações de sustentabilidade.

Realizar inventário de emissões, medir a pegada de carbono e estabelecer metas de redução vinculadas ao pagamento de bônus aos executivos estão entre as mudanças que aumentaram a importância do tema dentro das organizações e permitiram às companhias uma melhor estruturação para implantarem as ações necessárias em favor do meio ambiente.

Especialmente no que diz respeito às ações a serem conduzidas pelas empresas, sabe-se que, para que sejam realmente efetivas, é necessário garantir o comprometimento da equipe, principalmente dos executivos de níveis mais elevados, responsáveis pelas decisões e implementação das ações.

Para garantir esse envolvimento, verificou-se que, no Brasil, várias empresas estão recompensando os executivos que atingem metas ambientais estabelecidas pela organização. Em geral, essa recompensa vem em forma de bônus financeiro.

A pesquisa realizada pelo ILOS identificou que em 43% das grandes empresas do país os executivos já têm parte de sua remuneração vinculada ao cumprimento de metas de sustentabilidade ambiental. No caso especificamente dos executivos de Logística e Supply Chain, esse percentual é um pouco menor (26%), conforme apresentado na Figura 8.

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Para que esse tipo de bonificação seja implantado, é preciso que a companhia estabeleça métricas capazes de medir os resultados das ações realizadas. Uma das formas adotadas internacionalmente por empresas de diferentes segmentos para medir os impactos ambientais dos seus negócios é através da realização do inventário de emissões de carbono. No Brasil, 61% das grandes indústrias realizam tal inventário, sendo que outros 18% pretendem realizá-lo no futuro próximo ( Figura 9).

Vale destacar ainda que a redução de emissões deve ser pensada para toda a cadeia de suprimentos e não apenas internamente na companhia. Assim, é papel das organizações realizar também alterações no relacionamento com fornecedores, prestadores de serviços e até com empresas de outros segmentos e concorrentes.

Essas mudanças envolvem, por exemplo, a escolha de fornecedores localizados mais próximos às fábricas, para reduzir a necessidade de deslocamento. O envolvimento de fornecedores nas ações ambientais conduzidas pelas companhias através da implantação de programas de desenvolvimento de fornecedores ou através de concursos, premiações ou sanções também pode funcionar como incentivo à implantação de ações ambientais.

A avaliação e escolha dos prestadores de serviços logísticos com base em critérios ambientais também tem sido uma forma de aumentar a importância do tema e fomentar o desenvolvimento de iniciativas ambientalmente corretas. Enfim, as ações que envolvem o relacionamento entre empresas devem buscar a colaboração ao longo do supply chain, visando assim ganhos de escala importantes para a redução de desperdícios causados, por exemplo, por caminhões que rodam vazios.

UM CAMINHO LONGO PELA FRENTE

Embora existam inúmeras iniciativas, empresas, Governo e sociedade ainda têm muito a evoluir para reduzirem os impactos ao meio ambiente. A primeira dificuldade enfrentada pelas empresas na implantação de medidas em favor da sustentabilidade ambiental é o custo das ações.

No Brasil, 84% dos executivos indicam que este fator é uma barreira importante que reduz a velocidade das medidas a serem implantadas.

A boa notícia para os executivos de Logística e Supply Chain é que, embora os custos sejam indicados como um grande entrave, várias das ações nesta área trazem retorno financeiro direto para as empresas, juntamente com a redução dos impactos ambientais. As melhorias na efi ciência logística contribuem para redução de custos e também trazem reduções nas emissões, especialmente as ações que culminam na redução do consumo de combustíveis.

Vale destacar, ainda, o problema da falta de conhecimento e de expertise dos executivos atuantes nas organizações para implantar as ações sustentáveis necessárias.

A falta de treinamento interno é uma defi ciência reconhecida por 48% das companhias brasileiras. Contudo, este é um dos pontos que está no plano de desenvolvimento e capacitação de grande parte das empresas do país.

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Enfim, pelo lado do Governo, a atuação também precisa ser intensificada. Ações de legislação e fiscalização estão em andamento, como a lei de resíduos sólidos, as regras relacionadas à produção de motores menos poluentes e consumo de combustíveis mais limpos.
Mas as empresas criticam a dificuldade em conseguir incentivos governamentais para implementar as ações ambientais (81% indicaram que esta é uma barreira no Brasil). Também ainda são poucos os investimentos em infraestrutura que viabilizem a utilização de modais menos poluentes, como ferrovias, hidrovias e dutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Panorama – Logística Verde: Iniciativas de sustentabilidade ambiental das empresas no Brasil 2011. Instituto ILOS: www.ilos.com.br.
Rogers, D. Sustentabilidade é Grátis: uma abordagem para uma cadeia de fornecimento sustentável. Revista Tecnologística, março 2010.

O ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain – realizou entrevistas com 109 executivos atuantes nas maiores empresas industriais do Brasil (empresas de grande porte na lista das mil maiores em faturamento no país). O trabalho contou com o patrocínio das empresas: Natura, Unilever, JSL e Knapp. Os resultados completos da pesquisa encontram-se no relatório da coleção Panorama ILOS: “Logística Verde: Iniciativas de sustentabilidade ambiental das empresas no Brasil 2011”.

https://ilos.com.br

Sócia-Executiva do ILOS, possui mestrado e graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com mais de 10 anos de experiência na área de Logística e Supply Chain atuando em diversos projetos, gerenciamento e participação de pesquisas associadas ao tema. Possui mais de 20 artigos em jornais, revistas, periódicos e anais de congressos, sendo co-autora de diversos títulos da Coleção COPPEAD pela editora Atlas e da Coleção Panorama Logístico ILOS e CEL/COPPEAD.

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