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Gestão Integrada da Cadeia de Suprimentos – Benefícios em Custos

FAWCETT et al. (2008) apontam, a partir de uma extensa revisão de literatura e pesquisa com executivos da área, que um dos principais objetivos das empresas com iniciativas de SCM é a redução de custos. Com a rápida ascensão da China no comércio internacional, pressionando o preço de bens manufaturados e deslocando os fluxos de mercadorias, fenômeno que ficou conhecido como “Efeito China”, a eficiência da cadeia de suprimentos passou a ser um imperativo importante na estratégia competitiva.

Na literatura, as reduções de custos advindas da gestão integrada da cadeia de suprimentos são geralmente associadas a melhorias no planejamento da demanda, evoluções operacionais ou compartilhamento de risco/retorno entre parceiros comerciais.

Melhorias no Planejamento da Demanda

No que se refere ao processo de planejamento da demanda, SCM possibilita dois grandes aprimoramentos: elaboração de previsões mais precisas, a partir da visibilidade obtida com o compartilhamento de informações, e a racionalização do uso dos ativos, com a coordenação das ações entre parceiros comerciais.

Segundo WANKE e FERREIRA (2006), a realização de previsões de vendas mais precisas diminui as incertezas na alocação de recursos, resultando em: níveis de estoques mais baixos, melhores contratos de fornecimento e menor incerteza nas operações.

A racionalização do uso de ativos, por sua vez, é consequência do esforço coordenado de planejamento entre as empresas-membro da cadeia de suprimentos, eliminando duplicidade de esforços e recursos. Planejando conjuntamente suas ações, as empresas conseguem, por exemplo, posicionar adequadamente suas instalações de armazenagem, aperfeiçoar os fluxos de transportes e eliminar estoques de segurança redundantes, reduzindo significativamente seus custos.

Evoluções Operacionais

Na literatura de SCM, as evoluções operacionais advindas da integração e colaboração entre empresas aparecem, com bastante frequência, como importantes fatores de redução de custos. Segundo CHEUNG et al. (2010), estas evoluções operacionais resultam do processo de aprendizagem (ou benchmarking) que ocorre com a aproximação e compartilhamento das decisões sobre alocação dos ativos operacionais e/ou como consequência da busca por sinergias operacionais, com transporte colaborativo, centrais de controle operacional e armazéns compartilhados.

As evoluções operacionais, concomitantemente com a racionalização do uso dos ativos, permitem uma redução do custo de capital investido na cadeia de suprimentos, melhorando importantes indicadores financeiros, como o Retorno sobre o Ativo (ROA), e reduzindo o custo logístico total para atendimento dos clientes, tornando a cadeia mais competitiva.

Compartilhamento de Risco/Retorno

A terceira fonte de redução de custos com a integração da cadeia de suprimentos está diretamente relacionada à melhoria na gestão dos fluxos financeiros. Nas relações comerciais entre empresas de uma cadeia de suprimentos, os fluxos de informação e de produtos são acompanhados por fluxos financeiros, que acontecem na captação de recursos no mercado para viabilizar a produção e as operações, pagamento de juros ou no processo de compra e venda de mercadorias e serviços entre os diferentes participantes da cadeia. Como as empresas podem apresentar estruturas de custos e portes muito diferentes, muitas vezes estes fluxos financeiros acabam sub otimizados, ocultando oportunidades de ganhos nas interfaces entre as empresas.

Além disso, existe extensa revisão de literatura disponível na área de compras sobre os benefícios do compartilhamento de riscos/retornos no desenvolvimento de novos produtos em conjunto com parceiros comerciais. Nos últimos anos, as estratégias de inovação das empresas são caracterizadas por uma importância crescente atribuída a fontes externas de conhecimento e por um declínio paralelo na importância relativa dos departamentos internos de P&D. Essa tendência está se acelerando devido à convergência tecnológica, diminuição dos custos transacionais e redução dos tempos de ciclo do produto.

A tabela abaixo resumo os benefícios da integração da cadeia de suprimentos relacionados com a redução de custos.

Tabela 1 – Quadro resumo dos benefícios relacionados à redução de custos

 

A figura abaixo resume os relacionamentos causais apresentados na Tabela 1, ajudando a organizar a literatura apresentada, destacando que enquanto a melhoria de planejamento e o compartilhamento de risco/retorno possuem resultados diretos identificados, no caso das evoluções operacionais as relações não são tão diretas, o que faz com que os resultados venham, muitas vezes, de ações combinadas.

 

Figura 1 – Network Design para os benefícios associados à redução de custos
Fonte: AUTOR com uso da ferramenta Atlas.TI.
(Tese de Doutorado – COPPE/UFRJ – defendida e aprovada em setembro/15)

 

Referências:

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27 WANKE, P., FERREIRA, L. J. Previsão de vendas. São Paulo: Editora Atlas, 260 páginas, 2006.

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Sócio Executivo do ILOS. Graduado em Engenharia de Produção pela EE/UFRJ, é Mestre em Administração de Empresas pelo COPPEAD/UFRJ com extensão na EM Lyon, França, e doutor em Engenharia de Produção na COPPE/UFRJ. Tem diversos artigos publicados em periódicos e em revistas especializadas, sendo um dos autores do livro: “Previsão de Vendas: Processos Organizacionais & Métodos Qualitativos e Quantitativos”. Suas áreas de pesquisa são: Planejamento da Demanda, Serviço ao Cliente no Processo Logístico e Planejamento de Operações. Atuou durante 8 anos no CEL-COPPEAD/UFRJ, ajudando a organizar a área de Ensino em Logística. Em consultoria, realizou diversos projetos na área de logística, como Diagnóstico e Plano Diretor, Previsão de Vendas, Gestão de Estoques, Planejamento da Demanda e Plano de Capacitação em empresas como Abbott, Braskem, Nitriflex, Petrobras, Promon IP, Vale, Natura, Jequití, entre outras. Como professor, ministrou aulas em empresas como Coca-Cola, Souza Cruz, ThyssenKrupp, Votorantim, Carrefour, Petrobras, Vale, Via Varejo, Furukawa, Monsanto, Natura, Ambev, BR Distribuidora, ABM, International Paper, Pepsico, Boehringer, Metrô Rio, Novelis, Sony, GVT, SBF, Silimed, Bettanin, Caramuru, CSN, Libra, Schlumberger, Schneider, FCA, Boticário, Usiminas, Bayer, ESG, Kimberly Clark e Transpetro, entre outras.

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