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Blu-rays, DVDs, On demand e Omni-Channel: A logística por trás dos filmes assistidos em casa (ou em qualquer lugar)

A logística e a sétima arte – Trilogia / Parte 3

Nos posts anteriores sobre a logística cinematográfica, falamos sobre o envio e recolhimento de filmes para os cinemas e sobre as crescentes dificuldades do mercado para a essa distribuição. Porém, a saga logística de um título não acaba por aí. Ela recomeça pouco depois da janela de exibição nos cinemas, quando o filme é lançado em DVD, Blu-ray e distribuído digitalmente nos serviços on demand e lojas virtuais. E continua para sempre, visto que ainda podemos achar a trilogia de O Poderoso Chefão e outros filmes antigos em várias lojas do ramo. As receitas pós-exibição são parte considerável do valor total que o filme arrecada.

Embora as vendas em mídias físicas venham caindo nos últimos anos (falaremos sobre isso mais à frente), ainda parece um mercado bem longe da extinção. Os 100 títulos mais vendidos nos Estados Unidos em 2015 somaram mais de 140 milhões de discos vendidos. Só em 2014, O filme Frozen, por exemplo, arrecadou mais de US$ 334 milhões apenas com vendas de DVDs e Blu-ray nos EUA. E se esse mercado multiplica as receitas de filmes bem-sucedidos, também ajuda aqueles que tiveram grandes prejuízos de bilheteria, como Waterworld: O Segredo das Águas a se pagarem, o que mostra que é uma boa ideia ter os títulos nas prateleiras.

Waterworld

Figura 1 – Vários anos depois, e graças às vendas de DVDs e outras receitas, Waterworld (1995) finalmente começou a dar lucro

Fonte: Universal

 

A grande quantidade de SKUs é talvez o maior desafio da logística do setor, já que cerca de 650 títulos únicos são lançados anualmente em cada formato. Há ainda a variedade de pacotes em que cada filme pode ser adquirido, como DVD, Blu-ray, combo DVD + Blu-ray, Blu-ray + Blu-ray 3D, Blu-ray + cópia digital, todas as opções anteriores, edições especiais, coletâneas, etc. Tamanha variedade de opções dificulta as operações de transporte e empacotamento de fabricantes e distribuidores da área, como a Technicolor, e também a gestão de estoque dos varejistas.

technicolor

Figura 2 – Centro de distribuição de DVDs e Blu-rays da Technicolor

Fonte: Technicolor

 

Não é nenhuma surpresa, portanto, que seja comum haver centenas de títulos raros, muito difíceis de se achar, e outras vários empilhados em gôndolas a preços baixíssimos. Vemos tanto os custos de estoque como os inúmeros problemas associados à ruptura  prejudicando a lucratividade da cadeia.

dvds encalhados

Figura 3 – DVDs encalhados sendo ofertados

Fonte: Arquivo pessoal

 

A dificuldade no transporte e armazenagem de discos não está presente só nas empresas que vendem os filmes, mas também naquelas que os alugam. Calma, você não leu errado. As locadoras ainda não morreram, pelo menos não aquelas que tornaram a sua logística mais eficiente.

 

Netflix e os aluguéis de DVDs

Você provavelmente conhece o Netflix, o maior serviço de streaming de filmes e séries do mundo, com mais de 65 milhões de assinantes. O que alguns não sabem é que antes de se tornar o pesadelo das operadoras de TV a cabo, a empresa foi fundada em 1997 como uma locadora de DVDs pelo correio. Este serviço ainda é utilizado por pouco menos de cinco milhões de pessoas nos EUA, embora esse número já tenha sido de mais de 20 milhões. Ainda que haja essa queda imensa no número de assinantes, a empresa se recusa a abandonar esse nicho de clientes que prefere assistir aos filmes em discos e dedicar-se exclusivamente ao grande mercado do streaming. Ao invés disso, para continuar lucrativa, a divisão de DVDs do Netflix investe em novas tecnologias para reduzir custos e melhorar o serviço para fidelizar a clientela.

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Figura 4 – Muitas pessoas ainda recebem filmes em casa em envelopes como esses

Fonte: Netflix

 

Uma das grandes mudanças foi a maior automatização dos 33 centros de distribuição e recolhimento de DVDs.  Com a introdução de máquinas como o “amazing arm”, que recolhe, limpa, e verifica se os discos devolvidos estão funcionando automaticamente, os CDs podem processar até 3.400 devoluções de DVDs por hora, um número cinco vezes maior que o processo manual. O número de funcionários necessários para o manuseio dos discos caiu de mais de 100 para 25. A companhia possui mais de 93.000 títulos em DVD, além de milhares destes em Blu-ray, e faz entregas em um prazo de um dia para 92% de seus assinantes, um nível de serviço que mantém a divisão ativa, e só é possível graças à maior eficiência da logística.

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Figura 5 – Centro de distribuição de DVDs da Netflix – Processos de manuseio  foram automatizados para reduzir custos e melhorar serviço

Fonte: doobybrain

 

Distribuição digital, Omni-channel e tendências

Nós já falamos algumas vezes aqui no blog do ILOS sobre Omni-channel. Por serem produtos de natureza digital, os filmes embarcaram facilmente nessa tendência, e hoje em dia é possível comprar ou alugar os principais títulos digitalmente em qualquer dispositivo que tenha uma tela. Bibliotecas cinematográficas enormes estão disponíveis a um clique e pronto para serem baixados ou mesmo vistos instantaneamente por serviços de streaming como o já citado Netflix. O mercado teve explosivo crescimento nos últimos anos, e a tendência é que continue tomando cada vez mais espaços, com aumento inclusive no número de produções que são lançadas exclusivamente por meios de canais de distribuição digital.

amazon video

Figura 6 – Amazon video, um dos muitos serviços de video on demand atuais – loja vende seus filmes tanto em discos como digitalmente

Fonte: Infomediadigitals

 

Isso não quer dizer que os discos irão desaparecer em breve. Como mencionando anteriormente, muitos filmes são lançados em pacotes que incluem as cópias em disco e digital, um produto que explicita bem os desejos dos consumidores de assistir a seus filmes onde quer que estejam, e ainda possuírem as caixas nas estantes. Além disso, um novo formato de mídia, o 4K Ultra HD, já está no mercado, com alguns títulos como Kingsman – Serviço Secreto. Com certeza isso não facilitará o problema dos SKUs mencionados anteriormente.

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Figura 7 – Kingsman – Serviço Secreto (2015) em pacote que inclui Blu-ray, cópia digital e o novo 4K Ultra HD

Fonte: 20th Century Fox

 

Conclusão

Ao longo de três posts, vimos como a logística tem papel fundamental na indústria cinematográfica, permitindo que as grandes produções artísticas que apreciamos cheguem a nós. Pudemos perceber as dificuldades da área quando inserida em um mercado gigantesco e extremamente dinâmico, com novos formatos tanto no cinema quanto no entretenimento caseiro e para maiores públicos. Resta saber como essas mudanças afetarão a logística da sétima arte. E se o Leonardo di Caprio vai finalmente ganhar o Oscar dessa vez.

 

Referências

<http://deadline.com/2015/01/home-entertainment-spending-fell-2014-deg-1201342148/>

<http://www.the-numbers.com/home-market/bluray-sales/2014>

<http://www.the-numbers.com/home-market/dvd-sales/2014>

<http://www.the-numbers.com/home-market/packaged-media-sales/2015>

<http://deadline.com/2013/08/isnt-it-time-to-take-waterworld-off-the-all-time-flop-list-557797/>

<http://dvd.netflix.com/>

<http://www.theguardian.com/media/2014/jul/22/netflix-dvds-mail-subscription>

<http://www.nytimes.com/2015/07/27/business/while-its-streaming-service-booms-netflix-streamlines-old-business.html?_r=0>

<http://www.cheatsheet.com/gear-style/yes-people-still-use-netflixs-dvd-service-but-why.html/?a=viewall>

<http://www.homemediamagazine.com/studios/sku-ed-perspective-26642>

<http://www.technicolor.com/en/solutions-services/entertainment-services/blu-ray-dvd-services/distribution-services>

<http://www.myce.com/news/20th-century-fox-to-release-more-than-hundred-4k-ultra-hd-blu-ray-movies-78304/>

<http://www.statista.com/statistics/250940/quarterly-number-of-netflix-dvd-subscribers-in-the-us/>

 

Atua há 5 anos em projetos de consultoria em Logística e Supply Chain, possui experiências em empresas dos setores de bens de consumo, varejo e de alimentos e bebidas. Tipos de projetos já realizados: Sales & Operations Planning, Gestão de Estoques, Planejamento de Redes, Revisão de processos comerciais, Indicadores de logística e Gestão de transportes

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