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A logística das Olimpíadas Rio 2016: os últimos metros

Há cerca de um ano atrás vivíamos a expectativa das primeiras olimpíadas que seriam realizadas em nosso país. A preparação dos Correios para os desafios que viriam pela frente foi tema do meu primeiro post neste blog. 358 dias depois, qual terá sido o saldo deste megaevento?

Dentro das quadras, o Brasil obteve o maior número de medalhas de toda a sua história, tanto nos jogos Olímpicos quanto nos jogos Paralímpicos. Dentro dos centros de distribuição e centros de controle, o sentimento de satisfação e realização é o mesmo, conforme confidenciou Carlos Henrique de Luca, Coordenador Geral dos Correios durante o último Fórum Internacional de Supply Chain, realizado no início deste mês.

 

“A logística do Rio 2016 montou a melhor estrutura de armazenagem em todos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.”

Mick Wright (Auditor/COI)

 

 A menção honrosa feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Correios, elegendo a operação logística dos Jogos Rio 2016 como uma das melhores da história, trouxe um grande sentimento de orgulho para a empresa brasileira. Entretanto, engana-se quem pensa que a operação logística chegou ao fim. Apesar do encerramento das competições no mês passado, as atividades ainda não acabaram. O mês atual, inclusive, é o momento em que se observa a maior movimentação de itens em todo o período do projeto, conforme ilustra a Figura 1.

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Figura 1 – Movimentação típica de logística

Fonte: Correios

 

Até março de 2017 estará ocorrendo a dissolução e desmobilização de todo o material usado nas Olimpíadas. Segundo Carlos Henrique de Luca, este é um dos momentos de maior estresse e dificuldade do projeto. A necessidade de desmobilizar a vila dos atletas para entregar os apartamentos para os proprietários, retirar materiais de arenas que terão outras destinações e desmontar equipamentos eletrônicos alugados para devolver para as empresas são exemplos de situações que exigem rapidez e agilidade no processo de dissolução e desmobilização. Ao mesmo tempo, a quantidade de profissionais disponíveis para realizar essa operação é muito menor do que a observada anteriormente, o que traz ainda maior criticidade ao momento. Se durante os jogos Rio 2016 chegou a haver 5.000 pessoas trabalhando na logística, finda as competições esse número agora gira em torno de 300 profissionais, alguns inclusive pressionados com a notícia de que terão seu contrato de emprego encerrado após a operação.

No total foram mais de 30 milhões de itens movimentados pelos Correios. A maior dificuldade, no entanto, foi a grande variedade de objetos, que exigiram cuidados muito diferentes. Conforme ilustrado na Figura 2, cerca de 70% desses itens eram móveis, utensílios e equipamentos (em inglês Furniture, Fixtures & Equipment ou FF&E), como camas, colchões e armários utilizados na vida dos atletas. O restante do material se dividiu entre equipamentos esportivos, como pisos de arenas e obstáculos do atletismo, e equipamentos de tecnologia, como câmeras e telões. Elementos como cones e barreiras usadas na organização dos eventos corresponderam aos 5% de itens restantes.

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Figura 2 – Tipos de materiais movimentados

Fonte: Adaptado de Correios

 

E o que fazer com todo esse material ao final dos jogos? Entre devoluções e descartes, é possível até mesmo para o grande público adquirir objetos utilizados nas cerimônias e competições, como bolas usadas nas partidas, tochas olímpicas carregadas no revezamento e pódios utilizados nas premiações. Para descobrir o que ainda está à venda, basta acessar a página do Leilão Oficial do Rio 2016.

Apesar do desafio, a experiência adquirida com a operação dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, as visitas técnicas feitas em outros grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas da Juventude Nanjing 2014, as Olimpíadas de Inverno Sochi 2014 e a Copa do Mundo Brasil 2014, e os laboratórios realizados nos eventos-teste ocorridos entre agosto de 2015 e maio de 2016 foram fundamentais para garantir o cumprimento dos 31 SLA’s acordados com o COI. As metas estabelecidas foram as mesmas de Londres 2012 e algumas delas estão exemplificadas na Figura 3.

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Figura 3 – Exemplos de SLA’s acordados com o COI

Fonte: Adaptado de Correios

 

Durante a sua palestra no Fórum Internacional de Supply Chain, Carlos Henrique de Luca também compartilhou outras interessantes curiosidades da preparação feita pelos Correios para os jogos Rio 2016:

  • Investimento em cursos de inglês para mais de 120 empregados
  • Treinamento do modelo conceitual de referência Supply Chain Operations Reference (SCOR) para mais de 200 profissionais
  • Treinamento em operações logísticas de grandes eventos para mais de 2.000 pessoas
  • Utilização do aplicativo de celular SmartSheet por toda a equipe operacional para comunicação durante os jogos
  • Aquisição e implantação do TMS da Optimus GIS

Desde o início da década os Correios vêm passando por uma grande transformação. Em 2011 o novo estatuto da empresa foi aprovado, permitindo, entre tantas outras medidas, a atuação dos Correios em serviços postais de logística integrada, financeiros e eletrônicos. Em 2014, houve mudança da marca, enquanto no ano seguinte uma nova estrutura organizacional foi implantada. Neste ano, uma nova solução de logística integrada para o comércio eletrônico foi lançada, visando auxiliar micro e pequenas empresas em seus negócios. Todos esses passos, somados ao trabalho realizado na Rio 2016, fazem parte do objetivo dos Correios de serem vistos não mais como um mero entregador de correspondência e sim como um grande operador logístico. A mensagem parece ter sido assimilada pelo mercado, que já negocia grandes contratos com a empresa e permite aos Correios buscar saltos cada vez maiores.

 

Referências

Apresentação da Spotlight Session “Operações Logísticas com Erro Zero”, realizada no XXII Fórum Internacional de Supply Chain, em 5 de outubro de 2016, pelo Coordenador Geral de Logística dos Correios, Carlos Henrique de Luca.

<https://www.correios.com.br/para-voce/noticias/correios-apresenta-nova-estrutura-e-modelo-empresarial>

<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2011/09/19/sancionada-a-reestruturacao-dos-correios>

<www.logweb.com.br/nova-vice-presidencia-dos-correios-vai-ampliar-atuacao-em-logistica-integrada/>

 

Mais de 11 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Em consultoria, realizou projetos como Plano Transformacional de Logística, Diagnóstico das operações logísticas, Estratégia e Calendarização da Operação de Transporte, Mensuração do Custo de Servir, Estudo de Mercado, Mapeamento de Oportunidades de Redução de Inventário, Revisão do Processo de S&OP, Plano de Capacitação e Implementação de Processos Comerciais em empresas como Nestlé, Raia Drogasil, Ipiranga, Lojas Americanas, B2W, Coca-Cola, Andina, Embraco, Martins Atacado, Loja do Mecânico, Santo Antônio Energia, Ecoporto e Silimed. Atualmente é uma das professores do Curso de Gestão de Estoques ministrado semestralmente pelo ILOS. Atuou no desenvolvimento e gerenciamento dos Cursos Online de Logística e Supply Chain, Processos de Suprimentos, Planejamento da Demanda, Gestão de Estoques e Gestão Industrial. Ainda na área de capacitação, foi responsável por aplicar os jogos empresariais do ILOS em empresas como Raia Drogasil, Fibria, NEC, Novartis e Moove.

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