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A logística da F1

No próximo domingo, terá início em Melbourne mais uma temporada da Fórmula 1, esporte tradicional e paixão de muitos fãs mundo afora. O caráter geográfico, a pressão de tempo e os altos custos envolvidos fazem desta competição uma das mais desafiadoras quando se pensa em logística.

Para ser campeão da temporada 2017, o piloto terá que disputar corridas em 20 circuitos espalhados nos 5 continentes, ao longo de 8 meses (Figura 1). Isso significa transferir toda a infraestrutura da China para o Bahrein em menos de 48h, por exemplo.

O número de corridas realizadas fora da Europa duplicou nos últimos 15 anos, o que trouxe um desafio ainda maior para as equipes, uma vez que as 10 escuderias competidoras estão sediadas no continente europeu. Como resultado de toda essa dispersão geográfica da competição, é estimado que ao longo da temporada cada equipe viaje mais de 160.000 km entre corridas e sessões de testes.

Figura 1 – Localização das corridas da temporada 2017 da F1

Fonte: ILOS

 

Desde 2004, a DHL atua como a prestadora de serviço logístico oficial da F1, sendo responsável pelo transporte dos mais diversos itens: desde os carros e suas peças de reposição até os cabos de televisão, passando pelos combustíveis, computadores, mobília e utensílios de cozinha para preparação das centenas de refeições das equipes. Para isso, a empresa utiliza transporte rodoviário, aéreo e marítimo, dependendo do local da próxima corrida.

A logística da Fórmula 1 é um trabalho em tempo integral. Os preparativos começam um ano antes e uma atenção extra é dada aos novos circuitos. Em janeiro, as equipes despacham os seus primeiros contêineres marítimos para os locais que receberão as primeiras corridas fora da Europa. Para a DHL, um fim de semana de Grande Prêmio começa nove dias antes da corrida, quando as equipes recebem as suas remessas, e termina cerca de três horas depois que a bandeira quadriculada é agitada, quando os carros são desmontados, as suas peças cuidadosamente embaladas e a infraestrutura dos boxes desmobilizada e guardada para ser transportada. Na terça-feira, a maior parte do equipamento terá retornado para a sede da equipe ou já terá partido para o próximo circuito, quando o período entre as corridas é de apenas uma semana.

Figura 2 – Carro acondicionado

Fonte: Quora

 

Para os Grande Prêmios que ocorrem na Europa, as mais de 600 toneladas de material são transportadas em cerca de 100 caminhões. Para as corridas localizadas em outros continentes, o transporte é feito através de seis aviões de carga Boeing 747 especiais, fretados pela Formula One Management (FOM), que voam de Londres e Munique para o local de realização das  corridas.  Itens com menor grau de criticidade e menor custo, que são adquiridos em maior quantidade (materiais de marketing, bancadas de trabalho e carrinhos de ferramentas entre outros), são despachados com antecedência, por via marítima. Para envio desses itens, cada equipe possui cerca de cinco conjuntos idênticos de contêineres de 40 pés.

Figura 3 – Carregamento de aviões pela DHL para transporte do material da F1

Fonte: DHL

 

O transporte do combustível necessário para cada corrida, por equipe, inclui 2.500 litros de combustível, 140 litros de óleo do motor, 40 litros de óleo de engrenagem e 90 litros de refrigerante do motor. O combustível é transportado em latas especiais à prova de fogo com capacidades entre 50 e 200 litros. Enquanto em trânsito, o combustível precisa ser protegido de temperaturas extremas, como o calor da Malásia e o frio do Atlântico Norte.

À medida que o dia da corrida se aproxima, geralmente surgem necessidades de alterações nos carros, não previstas pelas equipes. Para trazer as novas peças e atender a esse tipo de urgência, a DHL conta com um serviço aéreo expresso, capaz, também, de agilizar os trâmites alfandegários e organizar o transporte do aeroporto até o autódromo por helicóptero, garantindo entregas num prazo de até 24 horas.

Achou que o trabalho acabou aí?  Negativo.  Além de toda a logística dos materiais e equipamentos realizada pela DHL, as equipes ainda precisam cuidar dos seus integrantes. Nas corridas europeias, as escuderias contam com mais de 130 pessoas em cada GP, enquanto que nas provas fora da Europa este número é reduzido para cerca de 90 pessoas. Isso significa que centenas de reservas de hotel e passagens aéreas precisam ser providenciadas até mesmo antes que o calendário oficial da temporada seja divulgado.

As reservas de voos geralmente começam 11 meses antes da corrida, pois esta é a maior janela de adiantamento permitida pelas companhias aéreas. Em geral, os grandes prêmios na Europa são mais fáceis de planejar: apesar de haver uma maior concorrência para as viagens com destino a cidades turísticas como Barcelona, Budapeste e Milão, os voos europeus são mais curtos e regulares, facilitando a chegada de pessoas em cima da hora. Por outro lado, corridas como a de Melbourne, na Austrália, são as mais difíceis de se planejar. Além da distância até a sede das escuderias, o que torna mais complicada e demorada a solução dos problemas logísticos, a falta de voos diretos e necessidade de conexões em países diferentes aumenta o risco de perda de bagagem.

Somado a isso, é preciso providenciar a obtenção de vistos de diferentes países para pessoas de diversas nacionalidades. Para a China, por exemplo, o visto deve ser solicitado com antecedência máxima de 2 meses e é um processo que dura 3 dias, o que exige um grande planejamento das equipes.

Considerando que cada carro da F1 custa cerca de 10 milhões de dólares e é composto por peças que variam de parafusos com 1,5mm de diâmetro a um chassi feito com 60 camadas de fibra de carbono, é possível estimar o estresse que os profissionais de logística envolvidos no esporte passam para movimentar tudo isso, em um curto espaço de tempo, para cidades do mundo inteiro.

Se dentro das pistas a corrida é contra o relógio, do lado fora não é diferente!

 

Referências

<https://www.formula1.com/en/championship/inside-f1/understanding-f1-racing/Logistics.html>

<http://www.dhl.com/en/about_us/partnerships/motorsports/formula_1.html>

<http://www.mydhl.lu/files/dhl_f1_fact_sh_97713875.pdf>

<https://www.wired.com/2014/11/ship-f1-car-across-globe-36-hours/>

<https://www.quora.com/How-are-Formula-1-cars-transported-between-Grand-Prix-venues>

<https://www.forbes.com/sites/csylt/2016/09/19/why-would-a-parcel-delivery-firm-partner-with-f1/#fd40ae61c2a0>

<http://www.mclaren.com/formula1/blog/thefifthdriver/On-the-move-with-McLaren/>

<http://www.mclaren.com/formula1/blog/thefifthdriver/on-the-road-with-mclaren-moving-freight/>

<http://www.logisticadescomplicada.com/a-logistica-da-formula-1/>

 

Mais de 11 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Em consultoria, realizou projetos como Plano Transformacional de Logística, Diagnóstico das operações logísticas, Estratégia e Calendarização da Operação de Transporte, Mensuração do Custo de Servir, Estudo de Mercado, Mapeamento de Oportunidades de Redução de Inventário, Revisão do Processo de S&OP, Plano de Capacitação e Implementação de Processos Comerciais em empresas como Nestlé, Raia Drogasil, Ipiranga, Lojas Americanas, B2W, Coca-Cola, Andina, Embraco, Martins Atacado, Loja do Mecânico, Santo Antônio Energia, Ecoporto e Silimed. Atualmente é uma das professores do Curso de Gestão de Estoques ministrado semestralmente pelo ILOS. Atuou no desenvolvimento e gerenciamento dos Cursos Online de Logística e Supply Chain, Processos de Suprimentos, Planejamento da Demanda, Gestão de Estoques e Gestão Industrial. Ainda na área de capacitação, foi responsável por aplicar os jogos empresariais do ILOS em empresas como Raia Drogasil, Fibria, NEC, Novartis e Moove.

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